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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Testemunho do Presidente Gordon B. Hinckley - Um Profeta do Senhor...

Que Tipo de Homens e Mulheres Devereis Ser? Bispo H. David Burton Bispado Presidente Serão do SEI para Jovens Adultos • 2 de novembro de 2008

Que Tipo de Homens e Mulheres Devereis Ser?

Bispo H. David Burton
Bispado Presidente
Serão do SEI para Jovens Adultos • 2 de novembro de 2008 • Universidade Brigham Young

Minha esposa e eu, juntamente com alguns membros de nossa família, inclusive três alunos da Universidade Brigham Young, um aluno da Universidade Estadual de Utah, e uma bela amiga, Crystal Ming, que freqüenta o instituto de religião da Universidade de Washington, estamos muito felizes por estar com vocês nesta noite de domingo. Barbara e eu adoramos nos reunir com a nova geração. Adoramos sua energia vibrante e sua fidelidade. Amamos vocês pelas coisas que já realizaram na vida e por aquilo que ainda realizarão ao servirem com grande distinção ao Pai Celestial e uns aos outros. Nós os amamos pela virtude e bondade que transparecem em seu rosto e que podemos ver em vocês aqui mesmo, esta noite.

Há duas semanas, a minha esposa e eu participamos de um devocional para oficiantes no Templo de Nauvoo. A maioria daquelas pessoas maravilhosas é muito mais velha que a maior parte de vocês. Na ocasião, sentimos a presença de um Espírito maravilhoso naquela casa gloriosa. Sentimos esse mesmo doce Espírito nesta noite aqui com vocês. Mesmo assim, é meio assustador falar a esse número tão grande de jovens que está reunido tanto neste impressionante edifício como em vários outros lugares no mundo todo, via satélite e com o uso da tecnologia.

Nunca esquecerei a primeira vez que falei em uma conferência geral. O convite que recebi para discursar indicava que eu teria 14 minutos na sessão da manhã de domingo e que falaria após o Presidente Howard W. Hunter. Nem é preciso dizer que as circunstâncias naquela ocasião também eram muito assustadoras para mim. Mais ou menos uma semana antes da conferência geral, encontrei com o Élder Russell M. Nelson no saguão e ele me perguntou como estava indo meu discurso. Confidenciei ao Élder Nelson que eu estava tendo dificuldades em minha preparação, e então me ocorreu que o único motivo pelo qual ele sabia que eu iria falar era porque seu convite devia indicar que ele falaria depois de mim. De posse dessa pequena informação tão vital, corajosamente perguntei ao Élder Nelson por que alguém tão inexperiente e assustado como eu seria colocado entre o Presidente Hunter e ele. Ele pensou por um instante e depois, com aquela piscadela que sempre dá, respondeu: “Bispo, o único motivo que me ocorre é que você foi escalado entre nós por inspiração, para assim causarmos boa impressão”. Depois dessa conversinha, meu grau de nervosismo subiu a uma altura que jamais havia experimentado.

“Será Que Algum Dia Você Será Alguém na Vida?”

Há quase meio século, pouco antes de minha missão na Austrália, tive a grande bênção de trabalhar por mais ou menos quatro anos em uma loja de golfe para um extraordinário profissional escocês desse esporte. O nome dele era Alex McCafferty. Ele não era da Igreja e, apesar de ter vivido entre santos dos últimos dias por bem mais de 25 anos, não compreendia exatamente a nossa doutrina ou o evangelho. Era um excelente patrão e eu sempre serei grato por sua generosidade e pela bondade que tantas vezes demonstrou. A paciência com que me ensinou os pequenos detalhes do jogo de golfe ajudou-me a ter sucesso em algumas competições das quais participei quando jovem e permitiu também que eu apreciasse o golfe como recreação a vida toda. Às vezes, o linguajar que ele usava, carregado de um forte sotaque escocês, podia ser um pouquinho rude. Quando meu trabalho não satisfazia as expectativas de Alex, ou quando eu cometia um engano ao atender um cliente, ele proferia uma imprecação com seu sotaque escocês, em voz baixa, mas firme, seguida pela mesma pergunta: “David, meu rapaz, será que algum dia você será alguém na vida?”

Ainda me lembro das palavras exatas que Alex usou quando finalmente criei coragem para informá-lo de que havia aceitado o chamado de um profeta de Deus para servir por dois anos como missionário na Austrália e que, portanto, eu sairia do emprego. Naquela ocasião, a resposta dele foi precedida de várias imprecações e depois veio a declaração: “David, meu rapaz, você nunca será alguém na vida se ficar saracoteando pelo mundo para falar de religião”.

Um ou dois dias antes de ir para a missão, fui até a loja dizer adeus a meu bom amigo Alex. Ao apertar a mão dele e expressar meu apreço, ele me puxou para si e pôs um envelope em minha mão. Ambos tínhamos lágrimas nos olhos quando eu rapidamente caminhei até o carro. Dirigi por alguns minutos até um parque das proximidades onde, no sossego do lugar, li seu bilhete e descobri que ele tinha posto no envelope uma boa soma em dinheiro para me ajudar a financiar a missão.

Cerca de um ano depois, enquanto eu servia em Adelaide, na Austrália, recebi um bilhete de Alex. O bilhete dizia: “David, meu rapaz, disseram-me que os missionários precisam de um novo terno depois de um ano. Por favor, com este dinheiro, compre um terno feito com a melhor lã escocesa”.

Alguns dias depois de voltar da Austrália, parei no campo de golfe para ver como ele estava. Alex perguntou se eu estava preparado para jogar golfe. Eu disse a ele que meus dias de jogar golfe a sério haviam terminado, pois havia vendido meus tacos, assim como o carro, para ajudar a custear a missão, além disso, já estava mais do que na hora de eu passar a levar os estudos a sério.

Ele respondeu, começando com a imprecação habitual: “David, meu rapaz, você nunca será nada na vida se não jogar golfe. Vá agora mesmo até a loja de golfe e escolha o conjunto de tacos de sua preferência”.

Fiz exatamente o que ele disse e depois de quase 50 anos ainda tenho aqueles tacos. É claro que eu não gostava do linguajar impróprio de Alex, mas sempre serei grato pelas lições de honestidade, integridade e generosidade que aprendi enquanto trabalhava para ele.

Com o passar dos anos, refleti muitas vezes sobre a pergunta de Alex: “Será que algum dia você será alguém na vida?” Alex estava, do jeito dele, manifestando seu descontentamento comigo. Ele estava questionando minha capacidade de seguir instruções, minha atenção para com as tarefas a fazer e meu compromisso com o emprego. Estava também questionando se eu tinha o desejo de ser um adulto de sucesso, produtivo e prestativo. Ponderei repetidas vezes essas perguntas. Devo admitir que na época eram perguntas importantes e que continuam sendo importantes atualmente. Eu ainda sou uma obra inacabada. Concluí também que Alex estava questionando as realizações da minha vida, e não tanto a jornada da vida em si. A pergunta dele, porém, leva a esta outra: O que constitui sucesso nesta vida?

Adquirir Atributos Cristãos

Talvez em lugar de concentrar-nos na questão de ser alguém na vida e, assim, obter sucesso aos olhos do mundo, seja melhor concentrar-nos na pergunta feita pelo próprio Salvador: “Portanto, que tipo de homens [ou mulheres] devereis ser?” Vocês se lembram que a resposta foi, nas palavras Dele: “Em verdade vos digo que devereis ser como eu sou” (3 Néfi 27:27). Além disso, o Salvador declarou: “Porque aquilo que me vistes fazer, isso fareis” (v. 21).

Que tipo de homens e mulheres devereis ser? Em minhas reflexões, continuo a perguntar: Quais são os atributos de uma vida cristã? Qual é o padrão certo a seguir quando enfrentamos as dificuldades da vida? O que quer dizer ser “como Eu sou”? Com certeza, não sei tudo o que se espera, mas atributos como o amor a Deus e ao próximo, a compaixão, o exemplo, a obediência, o serviço e guardar os convênios, são algumas das possibilidades.

Recentemente, um conhecido nosso e amigo íntimo de nossa filha e de nosso genro faleceu após uma batalha longa e corajosa contra um tumor no cérebro. Pouco antes do falecimento dele, um de seus amigos enviou algumas linhas à esposa de nosso amigo, expressando seus sentimentos. Com a permissão deles, vou ler para vocês esse texto, não por sua excelência literária, mas pelos sentimentos que transmite. Começa assim:

“[Prezada] Diane,
Por favor, diga ao Harold ‘muito obrigado’,
Por mudar minha vida,
E dar-me um exemplo
Do que é ser líder no sacerdócio,
Do que é importar-se com as pessoas individualmente,
E ser abnegado e incansável no serviço ao próximo,
Do que é o verdadeiro amor cristão.

Por favor, fale ao Harold das muitas lembranças
Que trago comigo todos os dias
Que me fortalecem,
E me orientam…
Lembranças que existem graças a ele —
Lembranças dos tempos em que servimos juntos (...)

Por favor, diga ao Harold que seu exemplo
De marido amoroso,
De pai bondoso
E servo fiel do Senhor,
Repleto de bom humor,
Cheio de visão,
Deu-me um padrão a ser atingido
E foi uma bênção para minha esposa e filhos.

Por favor, diga ao Harold que foi uma grande honra
Tê-lo conhecido nesta vida mortal
E ter trabalhado a seu lado.

Por favor, fale ao Harold das lágrimas que derramei,
E da tristeza que senti
Ao saber que ele em breve retornará
À presença do Senhor.

Por favor, diga ao Harold que eu o amo
Por sua bondade,
Seu exemplo,
E amizade.

Por favor, diga ao Harold que sentirei saudades dele
Mas que vou preparar-me ansiosamente
Para outra vez com ele me alegrar
Na mansão celestial do Deus Altíssimo.

Por favor, diga ao Harold que servirei ao Senhor
De todo coração, poder, mente e força
Em memória de seu exemplo,
Dedicação
E devoção ao Senhor.

Por favor, diga ao Harold...
Muito obrigado.”1

Quanto aos atributos citados em “Por Favor, Diga ao Harold”, talvez também valesse a pena incorporá-los a nossa vida. Quando for possível atribuirem-se a nós virtudes tais como o exemplo, o cuidado com as pessoas individualmente, o serviço, o amor, ser marido e pai carinhoso, a bondade, a amizade, a devoção e a dedicação, que foram, de maneira tão bela, atribuídas ao Harold, com certeza nossa vida poderá ser considerada cristã e, portanto, plena e bem-sucedida.

O Presidente Thomas S. Monson freqüentemente se refere a seu legado escocês e às experiências que teve na infância, quando vivia perto dos avós, tias, tios e primos escoceses. Fico pensando quantas vezes ele ouviu algo parecido com “Tommy, meu rapaz, será que algum dia você será alguém na vida?” Suspeito que, quando menino, com sua grande variedade de interesses, uma mente muito criativa e cheia de imaginação, e um bocado de energia, talvez essa pergunta tenha sido feita a ele várias vezes.

Na vida do Presidente Monson encontramos um padrão pelo qual pautar nossa própria vida. Isso é particularmente verdadeiro quanto ao que eu chamo de seu ministério particular. Seu ministério público, por outro lado, é um livro aberto, repleto de excelentes serviços em âmbito de ala, estaca, missão e da Igreja como um todo. Duvido que exista qualquer pessoa nesta dispensação mais devotada a cada uma de suas responsabilidades eclesiásticas que o Presidente Thomas S. Monson.

De tempos em tempos, é possível entrever seu ministério particular. Servir, preocupar-se, estender a mão para abençoar as pessoas individualmente e oferecer incentivo e consolo: tudo isso faz parte de seu ministério particular.

Recentemente, uma querida vizinha que mora do outro lado da rua precisou passar um tempo numa clínica de recuperação. Quando a visitamos, ela mal podia esperar para contar que o Presidente Monson havia passado por lá, na reunião sacramental do local.

“Ele estava tão perto”, ela exclamou, “que eu podia alcançá-lo e tocá-lo”.

Ela ficou muito emocionada em sentir que o Presidente da Igreja se importava com ela.

O Presidente Monson vive de acordo com o princípio que freqüentemente ensina: “As cinco palavras mais importantes que há são: ‘Estou muito orgulhoso de você’. As quatro mais importantes são: ‘Qual é sua opinião?’ As três mais importantes são: ‘Por favor, poderia’. As duas mais importantes são: ‘Muito obrigado’. A menos importante é: ‘Eu’ ”.2

O Salvador freqüentemente usava parábolas para ensinar importantes lições. Da mesma maneira, o Presidente Monson adora usar histórias para ilustrar seus ensinamentos. Ao refletir sobre o uso que o Presidente Monson faz das histórias, o Presidente Eyring disse que podemos achar que já ouvimos a história antes, mas se formos pacientes e ouvirmos com atenção, veremos que a história não é a mesma porque, por influência do Espírito, perceberemos a mensagem de uma maneira diferente.

Uma das histórias que ele usa remonta aos dias em que era diácono. Ao Presidente Monson e aos outros membros de seu quórum foi dado o papel de esquimós numa apresentação teatral da ala. A irmã do Presidente Monson faria o papel de Estátua da Liberdade. Quando a irmã dele adoeceu com um grave caso de laringite bem na época da apresentação, temia-se que ela não conseguisse falar sua parte e que o teatro fosse prejudicado. Os “esquimós” decidiram fazer algo a respeito da situação. Reuniram-se em uma sala no subsolo da capela e se ajoelharam em oração. Buscaram a intercessão do Espírito do Senhor em favor da irmã do Presidente Monson e na hora da apresentação, a Estátua da Liberdade conseguiu falar sua parte com uma voz límpida. Essa experiência ficou na memória da irmã do Presidente Monson como um milagre e era com gratidão que pensava naqueles esquimós.

Essa história simples nos lembra que o Presidente Monson sempre foi uma pessoa de grande fé, dada à oração. Ele usa esses grandes dons para abençoar a vida de muitas pessoas atualmente. É um exemplo de que tipo de homens e mulheres devemos ser: pessoas de fé, dadas à oração. A oração é fundamental para nosso fortalecimento e nossa convicção. Lembrem-se da pergunta de Néfi a seus irmãos descrentes: “Haveis perguntado ao Senhor?” (1 Néfi 15:8). A vida de serviço do Presidente Monson é um padrão que podemos usar para definir e estruturar nossa própria vida.

Orar por Ajuda ao Tomar Decisões

Muitos de vocês estão em uma fase em que tomarão decisões que vão moldar sua vida na Terra e também na eternidade. Alguns de vocês estão no processo de tomar decisões quanto aos estudos; outros talvez estejam pensando em servir em uma missão. Muitos talvez estejam tentando decidir o que querem fazer profissionalmente — que carreira seguir. Talvez alguns de vocês estejam tentando decidir se determinada pessoa é a pessoa certa para ser sua companheira eterna. Essas decisões serão muito mais fáceis se as apresentarem ao Senhor em oração.

Talvez alguns de vocês estejam enfrentando dificuldades com o pecado e estejam tentando decidir se desejam ser purificados pelo poder expiatório de Jesus Cristo. Talvez alguns estejam vacilantes no testemunho do evangelho e estejam tentando descobrir o que fazer para mudar de direção. As decisões sobre estes e outros assuntos importantes terão uma enorme influência sobre que tipo de homens e mulheres vocês serão e sobre o que realizarão na vida ou, usando as palavras do meu amigo Alex, o que serão na vida.

As decisões verdadeiramente importantes, cruciais, da vida geralmente são bastante difíceis de tomar. Sempre existem aqueles pequenos “senões”, “poréns” e as conjecturas que tendem a complicar e retardar a resposta. Muitas vezes, eu gostaria que existisse uma pílula mágica que pudéssemos ingerir e que nos fizesse sempre tomar a melhor decisão. Mas, na falta de tal pílula, permitam que eu ofereça apenas uma sugestão para ajudá-los no processo de decisão. Busquem a participação do Pai Celestial por meio de humilde oração e depois tenham a fé e a determinação para seguir Seus conselhos conforme transmitidos pelo Espírito Santo. Depois de examinarmos as coisas na mente e Lhe perguntarmos, o Senhor nos promete: “Farei arder dentro de ti o teu peito; portanto sentirás que está certo” (D&C 9:8). Vocês serão homens e mulheres melhores se derem ouvidos e obedecerem à voz mansa e delicada. Lembrem-se, “[sentir] que está certo” faz parte de ouvir.

Nos Estados Unidos, outra temporada de beisebol acaba de terminar. O Campeonato Mundial acabou, e um novo campeão foi coroado. Há bem mais de 50 anos, um ótimo atleta começou a jogar como jardineiro esquerdo [defensor do campo ou “jardim” esquerdo] do Boston Red Sox. A carreira dele no beisebol foi interrompida em pelo menos duas ocasiões diferentes por chamados para servir nas forças armadas como piloto de caça. A mídia se referia a ele como “Palito de Ouro”, porque era muito magro, mas conseguia rebater a bola muito bem. O que lhe deu mais fama no esporte é que foi o último jogador profissional a ter uma média de rendimento acima de 40% durante o ano todo. Isso quer dizer que ele conseguia chegar à base depois de bater na bola mais de quatro vezes a cada 10 vezes que tinha a oportunidade de bater. Ninguém conseguiu igualar esse feito nos últimos 50 anos! O nome desse jogador era Ted Williams.

Muitos anos depois de Ted ter encerrado sua carreira no beisebol, o público ficou sabendo de algo muito interessante a seu respeito — a visão dele era melhor que o normal. E com essa visão excelente e extraordinária, Ted tinha uma pequenina vantagem, pois conseguia ver a bola um pouquinho melhor que os outros jogadores e tinha uma fração de segundo a mais para determinar se deveria rebater a bola. Ele conseguia ver se a bola vinha girando ou se descreveria uma curva para dentro ou para fora da zona de rebatida.

Aqueles de nós que foram batizados e receberam o dom do Espírito Santo como companheiro constante também contam com uma vantagem quando se trata de tomar decisões difíceis. Do mesmo modo que a localização é tudo para se ter sucesso nos assuntos imobiliários, ouvir é tudo para se receber os benefícios do Espírito Santo!

Não Ficar Desanimado

Às vezes fico preocupado, e de certo modo envergonhado, que a minha geração tenha sobrecarregado a sua com questões e dificuldades que deveriam ter sido resolvidas. Apesar de ter havido muito progresso quanto a tornar a vida melhor, mais longa, segura e recompensadora, ainda há muitas coisas lamentáveis no que tange à ganância, às relações humanas e ao ambiente, para mencionar apenas alguns pontos. Estamos enfrentando as incertezas que nascem dos tempos turbulentos em que vivemos. Seria muito fácil ficarmos desanimados e talvez até um pouco deprimidos se pensássemos sobre a série de conseqüências que podem vir. As incertezas do mercado de trabalho, juntamente com um significativo deslocamento econômico apenas aumentam a inquietação de nossos dias. As nações continuam a contender umas contra as outras.

A despeito de tudo isso, meus jovens amigos, não precisamos temer nem agir com base no medo. As escrituras nos lembram que, se estivermos preparados, se formos obedientes, e formos membros da Igreja do Senhor, não precisamos temer o que o futuro nos reserva. “Os justos não devem temer” (1 Néfi 22:22; ver também Alma 1:4; D&C 10:55). O tipo de homens e mulheres que seremos dependerá em parte da habilidade com que lidamos com nossos temores e com os acontecimentos inesperados da vida. Ao perceberem que a vida real é feita de dificuldades, problemas, enganos, oportunidades e lições, lembrem-se do antigo provérbio chinês que diz: “Não se lapida a pedra preciosa sem atrito nem se aperfeiçoa o homem sem provações”. Ou, nas palavras do Senhor: “Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas” (2 Néfi 2:11).

A despeito de todas as incertezas e falhas do mundo, há muitas coisas pelas quais agradecer e muitas coisas capazes de nos entusiasmar. Sou uma pessoa otimista. Acredito que 2008 seja a época mais emocionante da história mundial para se viver e ter a bênção sublime de contar com a plenitude do evangelho de Jesus Cristo. Chego a estremecer de entusiasmo ao ver a maneira como o evangelho está sendo plantado no coração e na mente dos filhos do Pai em todo o globo.

Acho que poucos de vocês sabem (se é que alguém sabe) o que acontece na sede da Igreja todos os anos, na primeira sexta-feira de dezembro. Esse é o dia tradicionalmente reservado para que o Conselho para a Disposição dos Dízimos se reúna, conforme instruído pelo Senhor na seção 120 de Doutrina e Convênios. Sob a direção da Primeira Presidência, o Quórum dos Doze e o Bispado Presidente se reúnem para determinar como os recursos da Igreja serão usados no ano seguinte. É emocionante ver o que acontece nessa reunião. É emocionante ver a construção de muitos novos locais de adoração ser autorizada e executada. O número de novos templos continua a crescer. Os bispos em todo o mundo recebem os recursos para buscar e ajudar os pobres. Missionários de mais de 350 missões recebem ajuda. Projetos para acelerar o trabalho dos templos são aprovados. São reservados recursos para facilitar a educação superior e a educação religiosa. O trabalho do Senhor segue em frente para cumprir seu destino profético.

Fico encorajado quando penso na impressionante declaração de fé feita pelo Profeta Joseph Smith: “A mão do ímpio não conseguirá barrar o progresso desta obra”.3 Não é emocionante perceber que nós teremos a oportunidade de estar à frente deste milagre que está destinado a acontecer? O tipo de homens e mulheres que vocês serão, em parte será o resultado de sua devoção e do auxílio que prestarem em impelir o reino de Deus adiante. Juntamente com a devoção, é preciso muita autodisciplina. Jim Rohn, um famoso palestrante motivador, disse: “A disciplina é a ponte entre as metas e a sua realização”.4

Gosto muito de música sacra, principalmente de hinos de louvor ou motivação. Um desses hinos, que cantamos com freqüência, é “Come, Let Us Anew” [Vinde, Prossigamos]. A letra foi escrita no século XVII por Charles Wesley. A música é atribuída a James Lucas. O magnífico coro do Instituto da Universidade do Estado de Utah cantará esse belo hino para nós no encerramento desta reunião. Os santos dos últimos dias participam de reuniões sacramentais, devocionais e se reúnem em outras ocasiões para cantar, orar e renovar convênios e compromissos, bem como para oferecer incentivo mútuo. Desfrutamos de uma renovação sinérgica quando nos reunimos. A música desempenha um importante papel nesse processo. Ela consegue aliviar a alma e sensibilizar o espírito para coisas celestiais. O Senhor nos lembra: “o canto dos justos é uma prece a mim” (D&C 25:12). Observem a letra deste hino motivador:

Vinde, prossigamos em nossa jornada,
Prossigamos o ano todo,
E nunca nos detenhamos até que venha o Mestre.
Cumpramos alegremente a Sua vontade,
E desenvolvamos nossos talentos
Pacientes e cheios de esperança, trabalhando com amor (...)

A vida, como um sonho, o tempo, como um riacho,
Rápidos correm e passam,
E o momento fugaz ninguém consegue reter;
Pois o que passou, passou, e os momentos se vão.
O Milênio se anuncia
E a eternidade já chegou (...)

Oh, que cada um possa dizer no dia de Sua vinda,
“Lutei e perseverei até o fim;
Terminei o trabalho que me deste a fazer.”
Oh, que cada um ouça de seu Senhor as palavras ditosas:
“Servo fiel, agiste bem!
Entra em Meu gozo e senta-te em Meu trono”.5

A mensagem de incentivo transmitida por esse hino é clara. Ela indica que, em nossa jornada para nos tornarmos o que o Salvador sugeriu (“como Eu sou”), precisamos renovar nosso entusiasmo e nunca parar de praticar boas obras até que venha o Mestre. Se nos demorarmos, o tempo passará e o momento fugaz se perderá para sempre. Cada um de nós no dia de Sua vinda desejará dizer: “Lutei e perseverei até o fim; terminei o trabalho que me deste a fazer”. E haverá um sentimento maravilhoso quando, em resposta, ouvirmos: “Servo fiel, agiste bem! Entra em Meu gozo e senta-te em Meu trono”. Essa pode ser a nossa parte se o nosso objetivo for o de nos tornarmos o tipo de homens e mulheres que o grande “Eu Sou” quer que sejamos.

Muitas vezes os membros de nossa Igreja são observados por olhares críticos e medidos por um padrão mais severo que os nossos amigos de outras religiões. Já perceberam nas notícias manchetes como “Bispo mórmon comete (...); Ex-missionário SUD envolvido em (...); Mãe mórmon indiciada por (...)”? O que fazemos em particular é tão importante quanto o que fazemos quando somos observados em público. Muitas vezes existem olhos nos observando sem que os vejamos. De muitos modos, vivemos em uma vitrine.

Há alguns meses eu estava consertando o encanamento e durante o conserto, minhas roupas ficaram molhadas e sujas de barro, e meus braços ficaram cheios de graxa. Descobri que precisava de uma peça e, em vez de primeiro parar e ir-me arrumar, entrei correndo no carro e fui até uma grande loja de materiais de construção. Enquanto examinava cuidadosamente o mostruário de peças para ter certeza de que compraria a peça do tamanho certo com a rosca correta, um homem que eu não conhecia veio andando pelo corredor e passou por trás de mim. Depois de andar alguns metros após passar por mim, eu o ouvi dizer: “Para mim, aquele não parece ser o Bispo Presidente”. Fiquei envergonhadíssimo porque havia falhado em viver à altura do padrão que se espera de mim. Dessa vez, perguntei a mim mesmo, em tom de crítica: “David, meu rapaz, será que você nunca vai aprender?”

Concentrar-se no Que É Mais Importante

As aspirações e o trabalho árduo são ingredientes vitais para se alcançar objetivos louváveis. Vocês são uma geração muito promissora. Foram agraciados com muitos dons de Deus. São brilhantes e inteligentes. Aqueles dentre vocês que usam a inteligência para alcançar metas bem estabelecidas estão destinados ao sucesso. Aqueles, porém, que são inteligentes, trabalham com metas e têm grandes aspirações provavelmente serão o tipo de homens e mulheres em quem o nosso Pai Celestial confia para fazer avançar o Seu reino.

Perto do final de minha missão, a Copa Mundial de Golfe foi realizada no Real Campo de Golfe de Melbourne, na Austrália, e os jogadores de golfe amadores tiveram a oportunidade de jogar com um profissional nas rodadas de treino do pré-torneio. No último dia de minha missão, pude participar de uma rodada de treino, mas eu não vou importunar vocês com os detalhes de como isso aconteceu. Quando chegou minha vez de sortear o nome do profissional com quem eu jogaria naquele dia, tirei o nome de Arnold Palmer. O nervosismo de falar numa conferência geral não é nada comparado a isso! O nervosismo que experimentei na conferência geral foi apenas uma fração do que senti no instante em que vi “Arnold Palmer” escrito em minha papeleta. E eu, é claro, não pegava num taco de golfe havia mais de dois anos e fiquei completamente apavorado!

Não me lembro de muita coisa do que aconteceu na rodada de golfe, exceto que joguei muito mal. No 17º buraco, chegamos ao monte de terra. Andamos uns poucos metros e eu dei minha segunda tacada e logo em seguida a terceira, antes de finalmente chegarmos à bola do Sr. Palmer. O jovem australiano que carregava os tacos do Sr. Palmer estava tentando agradá-lo de todas as maneiras. Ouvi por acaso o carregador dizer ao Sr. Palmer que à esquerda a topografia se inclinava, com um riacho sinuoso que não era possível enxergar. Depois, disse que à direita a grama tinha crescido até ficar muito alta e que era muito difícil acertar uma tacada ali.

O Sr. Palmer colocou com deliberação o taco de volta na bolsa e serenamente, mas com firmeza, disse ao carregador: “Por favor, não me confunda a mente com o que está à direita, e eu também não estou lá muito interessado no que há à esquerda. A única informação que preciso de você é a distância exata desta bola até a bandeira que está no gramado”.

Puxa, aquela foi para mim uma experiência marcante de aprendizado! De repente, percebi como é imprescindível nos concentrarmos naquilo que é importante e não nos distrairmos com o que possa estar à esquerda ou à direita. A concentração é fundamental para atingirmos nossas metas. Muitos de nós estão preocupados com o que está à direita ou à esquerda e não dão a devida atenção ao objetivo principal que está bem no meio. Quando deixamos de nos concentrar nas coisas certas, fica difícil nos tornarmos o tipo de homens e mulheres que tanto queremos ser. Nesse empenho, lembrem-se de que o Senhor prometeu: “Irei adiante de vós. Estarei a vossa direita e a vossa esquerda e meu Espírito estará em vosso coração e meus anjos ao vosso redor para vos suster” (D&C 84:88).

Oro que, na vida, sempre nos esforcemos por concentrar-nos no que é mais importante. Testifico que estamos a serviço do Senhor. Temos a bênção de ser guiados por profetas vivos. Eu tive a bênção de servir sob a orientação de quatro profetas desta dispensação. Acho que entendo um pouquinho desse assunto e testifico que Thomas Spencer Monson é um profeta de Deus em toda a acepção da palavra.

Sei que temos um Pai Celestial amoroso e vivo. Somos Seus filhos e filhas. Sou grato por Seu Filho Unigênito, que é o nosso Salvador, que expiou nossos pecados. A todos vocês que talvez se sintam perdidos, que talvez sintam que não há mais esperança ou que o pecado prejudicou seu progresso, testifico que a Expiação de Cristo está a seu alcance e Sua misericórdia permanece para sempre. Sei que Joseph Smith foi o profeta da Restauração.

Aproveito esta oportunidade para invocar as bênçãos do céu sobre cada um de vocês. Essa bênção eu invoco e oro que vocês dêem ouvidos a essas coisas e se decidam a ser o tipo de homens e mulheres que o nosso Pai Celestial quer que sejam. Faço isso pela autoridade em mim investida e no sagrado nome de Jesus Cristo, nosso Salvador e nosso Redentor, amém.

NOTAS

1. Correspondência pessoal de Christian Weibell para Diane Lefrandt; usado com permissão.

2. Originalmente de Robert Woodruff; ver Thomas S. Monson, em Conference Report, outubro de 1987, p. 82; ou Ensign, novembro de 1987, pp. 68–69.

3. History of the Church, vol. 4, p. 540.

4. Jim Rohn, The Treasury of Quotes (2001), p. 40.

5. Hymns, nº 217.


quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Reflexo na Água - Presidente Dieter F. Uchtdorf Segundo Conselheiro na Primeira Presidência



Serão do SEI para os Jovens Adultos • 1 de novembro de 2009 • Universidade Brigham Young

Caros irmãos e irmãs, se transformássemos os dois hinos que acabamos de ouvir, “Louvai a Deus” e “Faze o Bem”, em nosso lema de vida, estaríamos muito bem em nosso caminho de volta ao Pai Celestial. Que visão maravilhosa são vocês! Em minha mente, visualizo muitos outros rostos belos como o de vocês — jovens membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias de todas as nações do mundo. Talvez vocês não se pareçam uns com os outros, mas têm muito em comum. Considero esta tarefa muito gratificante e agradeço ao Presidente Monson por ter-me proporcionado esta oportunidade de passar alguns minutos com vocês.
O Patinho Feio

Um dos mais apreciados contadores de histórias de todos os tempos foi o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Em uma de suas histórias, “O Patinho Feio”, uma mãe pata descobre que um de seus filhinhos recém-nascidos é muito grande e feio. A princípio, a mãe imagina que talvez tenha chocado um ovo de peru, mas o filho feio sabe nadar tão bem quanto os outros. Ela, então, conclui que o pobre coitado é simplesmente anormal e desfigurado.

Os outros patinhos, porém, não deixavam o patinho feio em paz. Eles o maltratavam sem dó, bicando-o, provocando-o e tornando sua vida muito infeliz. Por fim, o patinho feio decidiu que seria melhor para todos se ele deixasse a família, e ele foge. No frio gelado do primeiro inverno que passou sozinho, o patinho feio quase morreu congelado, mas de alguma forma conseguiu sobreviver. Apesar das privações, ele se sentia mais forte e adorava abrir as asas e voar, embora estivesse sozinho.

Então, certo dia, viu voando acima dele um bando de aves majestosas, brancas como a neve, de movimentos graciosos, que tinham um pescoço longo e belo e asas grandes e elegantes. Que criaturas magníficas! E como eram felizes! O patinho feio ficou muito desejoso de voar com elas. Teve medo de que o matassem por ser tão feio. Mas decidiu que aquilo seria melhor do que ser sempre humilhado pelos outros animais ou do que morrer de frio no inverno. Então, alçou voo e seguiu o bando até um belo lago, onde todos desceram até a água.

Ao pousar no lago, o patinho feio olhou para a água e viu o reflexo de um cisne magnífico. Aos poucos, sem acreditar a princípio, o patinho feio se deu conta de que aquele era o seu próprio reflexo! Para sua surpresa, os outros cisnes o receberam muito bem e até reconheceram que ele era o mais belo e majestoso de todos os cisnes. Finalmente ele descobrira quem ele realmente era.
As Grandes Perguntas

Como aquele jovem cisne, a maioria de nós já sentiu em alguma época da vida que não se encaixava num grupo. Grande parte da confusão que sentimos nesta vida decorre do fato de simplesmente não compreendermos quem somos. Um número muito grande de pessoas segue pela vida achando que tem pouco valor, quando na verdade são criaturas magníficas e eternas, dotadas de valor infinito e um potencial que vai além do que podem imaginar.

A descoberta de quem realmente somos faz parte desta grande aventura chamada vida. As maiores mentes da humanidade têm-se debatido incessantemente com estas perguntas: De onde viemos? Por que estamos aqui? O que acontece depois da morte?E como tudo isso se encaixa? Que sentido tem todas essas coisas?

Assim que começamos a compreender as respostas a essas perguntas — não só com a mente, mas também com o coração e a alma — começaremos a compreender quem somos e nos sentiremos como o viajante que finalmente encontra seu lar. Sentiremo-nos como o jovem cisne que finalmente descobriu quem ele realmente era. Tudo finalmente passa a fazer sentido.

O problema é que as respostas a essas perguntas estão simplesmente além da capacidade lógica terrena do homem. Perguntas que abordam coisas espirituais exigem respostas espirituais. Aqueles que rejeitam a revelação e insistem em obter provas concretas podem apenas especular ou negar que haja vida antes ou depois desta esfera mortal. Consequentemente, talvez nunca compreendam quem realmente são ou qual é o verdadeiro propósito da vida.

Como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, porém, fomos abençoados com respostas a essas perguntas, e as transmitimos livremente a todos os que queiram ouvir. Conhecemos essas respostas não devido a suposições inteligentes ou porque encontramos uma explicação científica. Temos as respostas porque mensageiros celestes revelaram esses mistérios ao homem. Esse mesmo conhecimento está ao alcance de todos neste planeta, pelo poder do Santo Espírito, desde que sejam sinceros de coração.

Não se trata de algo insignificante. Ao longo da história, imperadores e filósofos teriam oferecido grandes tesouros em troca daquilo que Deus nos concede gratuitamente em nossa época. Por ser misericordioso e amar Seus filhos, Deus novamente nos concedeu, nestes últimos dias, a verdade a respeito de onde viemos, por que estamos aqui e para onde vamos.

MMeus caros jovens amigos, esse conhecimento permite que vocês vejam seu próprio reflexo na água. Dá-lhes a certeza de que vocês não são comuns, não foram rejeitados e não são feios. Vocês são divinos e mais belos e gloriosos do que podem imaginar. Esse conhecimento muda tudo. Muda seu presente. E pode mudar seu futuro. Pode mudar o mundo.

Estamos profundamente cientes, meus caros jovens amigos da Igreja, que vocês enfrentam muitos desafios na vida onde quer que estejam. Por meio de seus líderes e por contato direto com vocês individualmente, sei quão grandes são suas preocupações. Escolhi dentre as muitas perguntas que me foram encaminhadas apenas algumas que creio serem as mais difíceis e preocupantes que afetam vocês, jovens santos do mundo inteiro. Espero poder incutir-lhes hoje, na mente e no coração, que o conhecimento de quem vocês realmente são pode ajudá-los a sobrepujar as questões mais difíceis da vida.
Ser ou Não Ser

Eis a primeira pergunta: “Sinto-me infeliz e deprimido. Às vezes, parece que o mundo seria um lugar melhor se eu não estivesse nele. Por que devo continuar vivendo?”

Quero deixar isto bem claro: a depressão grave e as ideias suicidas não são assuntos triviais e devem ser levados a sério. Peço a todos que sofrem de depressão ou que têm ideias suicidas que procurem ajuda de profissionais de confiança e dos líderes da Igreja. Se vocês conhecem alguém que pensa em suicídio, sejam amigos verdadeiros dessa pessoa e cuidem para que ela receba ajuda. Por favor, saibam que amamos vocês e queremos que tenham sucesso e sejam felizes na vida.

Tendo esclarecido esse ponto, quero dizer que a maioria das pessoas se sente triste ou incapaz de vez em quando. É natural que tenhamos momentos de infelicidade ou dúvida. A pergunta “por que devo continuar vivendo?” é simplesmente outra forma de expressar a antiga dúvida escrita por William Shakespeare, há 400 anos e proferida por milhões de Hamlets no mundo inteiro desde aquela época: “Ser ou não ser: eis a questão”.1

Mas Shakespeare estava errado: “Ser ou não ser” não é a questão de forma alguma. Há outras opções além dessa simples contradição. A meu ver, Hamlet deveria dirigir-se ao público e dizer: “Sabendo que sou filho de Deus, o que preciso fazere como devo ser para viver à altura desse potencial? Eis a questão”. Sei que essa alteração no texto arruinaria por completo uma das maiores obras-primas da literatura de todos os tempos. Mesmo assim, se eu tivesse escrito um roteiro para vocês, é isso que eu colocaria nele.

Pensem de onde vocês vieram. Vocês são filhos e filhas do maior e mais glorioso ser de todo o universo. Ele ama vocês com um amor infinito. Ele quer o melhor para vocês. Acham que o Pai Celestial quer que vocês se sintam deprimidos e infelizes? Ele não quer isso, de modo algum. Ele nos deu os mandamentos, que é a estrada real para uma vida cheia de propósito, paz e alegria. Tudo o que precisamos fazer é seguir por ela. Conhecer e viver os mandamentos de Deus realmente nos enchem de alegria e satisfação.

Nosso destino é maior do que podemos imaginar. Se simplesmente compreendêssemos quem somos e o que nos está reservado, nosso coração transbordaria de gratidão e felicidade, a ponto de iluminar as mais tenebrosas tristezas com a luz e o amor de Deus, nosso Pai Celestial. Da próxima vez que se sentirem infelizes, lembrem-se de onde vieram e para onde estão indo. Em vez de pensarem nas coisas que embotam seus pensamentos com tristeza, decidam concentrar-se nas coisas que enchem a alma de esperança. Vocês vão perceber que essas coisas estão sempre relacionadas ao serviço a Deus e ao próximo. Lembrem-se de que o Senhor nos deu Sua palavra nas escrituras. Orem sinceramente a Ele, conversem com Ele todos os dias. Aprendam com Ele e sigam Seu caminho. Sirvam a Deus e a seus semelhantes.

Lembrem-se de que há “tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar” (Eclesiastes 3:4). Se estão sentindo pesar há algum tempo, talvez agora seja o momento de permitir que a luz do Filho de Deus entre em seu coração. Peço a vocês que simplesmente olhem para a água e vejam seu verdadeiro reflexo! Percebam o propósito para o qual foram criados! Ergam o rosto e contemplem o horizonte distante!

Faz bem rir! Faz bem ser feliz! Ergam a voz e “[louvem] ao Senhor com cânticos, com música, com dança, e com orações de louvor e ação de graças” (Doutrina e Convênios 136:28).

Não consigo imaginar um céu só de pessoas sérias, que nunca dizem o que pensam ou que não gostam de música nem de conversar uns com os outros. Para mim, isso não seria o céu. Tenho certeza de que vocês não foram criados para passar as horas e os dias de sua vida isolados uns dos outros, preocupados ou desesperados. Vocês foram criados para ter alegria (ver 2 Néfi 2:25), por isso vamos comemorar as misericordiosas bênçãos de um Pai Celestial alegre e amoroso!

Vocês não precisam esperar por uma permissão para encher a alma de gratidão e felicidade. Podem muito bem fazer isso por conta própria. Reúnam os jovens de suas alas ou ramos assim como de outras estacas e distritos próximos. Dancem juntos, estudem o evangelho juntos, trabalhem juntos, sirvam ao próximo juntos, e divirtam-se com essas coisas. É minha sincera oração que o conhecimento de quem vocês são e do que podem se tornar encha seu coração com o sereno amor de Deus e que isso acenda em vocês uma felicidade digna de seu verdadeiro legado, porque verdadeiramente vocês são príncipes e princesas, reis e rainhas.
Será Que Algum Dia Vou Encontrar Minha Alma Gêmea?

Outra pergunta que ouvimos de vocês, jovens, é: “Sinto-me tão só. Será que algum dia vou encontrar minha alma gêmea?” Há algumas coisas que quero dizer a esse respeito, mas vamos começar pelo conceito de encontrar uma pessoa ideal, uma pessoa perfeita para vocês.

Há uma velha história sobre uma moça que estava numa expedição arqueológica e encontrou uma lâmpada de aparência muito antiga. Quando ela esfregou a lâmpada, um gênio apareceu e ofereceu-lhe um desejo. Ela pensou um pouco e pediu paz no mundo — que as pessoas se amassem e vivessem em harmonia para sempre.

O gênio pensou no pedido dela e, por fim, disse: “O que você está pedindo é impossível. A divisão entre os povos do mundo existe há muito tempo e é por demais profunda. Por favor, peça outra coisa. Qualquer coisa menos isso”.

Ela pensou de novo e disse: “Em algum lugar do mundo há uma pessoa que é a ideal para mim. Quero encontrar esse homem, que é bonito, atencioso e tem senso de humor. Um homem que vai me ajudar com as tarefas domésticas, que adora crianças, que não fica assistindo a programas esportivos o tempo todo, que tem um ótimo emprego e que pensa na minha felicidade em primeiro lugar. Um homem que irá fazer compras comigo e que se dará bem com minha família”.

O gênio pensou um pouco no pedido dela, deu um profundo suspiro e então respondeu: “Vamos ver o que consigo fazer com relação à paz no mundo”.

Sei que isso pode ser uma decepção para alguns de vocês, mas não acredito que haja somente uma pessoa ideal para vocês. Acho que me apaixonei por minha esposa, Harriet, desde a primeira vez que a vi. Mesmo assim, se ela tivesse decidido se casar com outro, acredito que eu teria conhecido outra pessoa e me apaixonado por ela. Sinto-me eternamente grato por isso não ter acontecido, mas não creio que ela fosse minha única chance de felicidade nesta vida, nem eu tampouco para ela.

Outro erro que vocês podem cometer facilmente ao sair com alguém é esperar que a pessoa seja perfeita. A verdade é que as únicas pessoas perfeitas que vocês vão encontrar são aquelas que vocês não conhecem muito bem. Todo mundo tem imperfeições. Não estou sugerindo que baixem seus padrões e casem-se com alguém com quem não poderão ser felizes. Mas uma das coisas que aprendi à medida que fui amadurecendo na vida é que, se uma pessoa está disposta a me aceitar, imperfeito como sou, então, eu também devo estar disposto a ser paciente com as imperfeições dos outros. Como você não vai encontrar perfeição na outra pessoa, e ela também não vai encontrar perfeição em você, sua única chance de perfeição está em tornarem-se perfeitos juntos.

Há pessoas que não se casam porque sentem que falta uma certa “magia” no relacionamento. Suponho que ao dizerem “magia”, refiram-se à centelha da atração. Apaixonar-se é um sentimento maravilhoso, e eu jamais os aconselharia a casar com alguém que não amem. No entanto — e isso é outra coisa que às vezes é difícil de aceitar — essa centelha de magia precisa ser constantemente cultivada. Quando a magia perdura num relacionamento é porque o casal fez com que isso acontecesse, e não porque ela surgiu misticamente por meio de alguma força cósmica.

Falando com franqueza, chega a dar trabalho. Para que qualquer relacionamento sobreviva, os dois lados precisam trazer consigo sua própria magia e usá-la para manter o amor. Embora eu já tenha dito que não acredito em uma alma gêmea única e exclusiva, sei o seguinte: depois que você se compromete a casar, seu cônjuge se torna sua alma gêmea, e é seu dever e responsabilidade esforçar-se todos os dias para manter as coisas assim. Depois que assumimos o compromisso, a busca por uma alma gêmea chega ao fim. Nossos pensamentos e ações deixam de ser de procurar e passam a ser de criar.

Mas e os que perdem a esperança de encontrar um companheiro eterno? Em primeiro lugar, não desistam. Participem das atividades, conheçam pessoas e façam tudo o que puderem. Sei que sair com alguém pode ser penoso. Rejeição é uma das coisas mais dolorosas que podemos sentir. Podem acreditar, sei como é. Eu me apaixonei pela Harriet muito antes de ela se apaixonar por mim.

Mas isso não me impediu de agir, de modo algum. Encontrei maneiras de estar no mesmo lugar em que ela estava. Quando eu distribuía o sacramento na Igreja, eu dava um jeito de levá-lo para a família dela. Fazia tudo o que podia para impressioná-la, mas acho que ela me considerava um pouquinho imaturo. A centelha simplesmente não existia para ela. Cheguei a perder a esperança de convencê-la de que poderíamos ser algo mais do que amigos.

Então, fui embora, alistei-me na força aérea e viajei para o outro lado do mundo para fazer um curso de piloto nos Estados Unidos. Foi só quando voltei para a Alemanha, depois de terminar meu treinamento como piloto de caça — vários anos depois de tê-la conhecido — que aquela bela jovem olhou para mim e disse as palavras mágicas que eu tanto ansiara por ouvir: “Você amadureceu desde a última vez que o vi”.

Agi rapidamente depois disso, e em poucos meses casei-me com a mulher que eu já amava havia tanto, tanto tempo.

Portanto, não desistam, irmãos e irmãs. Só por terem sido rejeitados uma ou duas vezes, ou três ou quatro, ou algumas centenas de vezes, não percam a esperança. Irmãos, o segredo para encontrar a garota de seus sonhos é procurar conhecer muitas moças e, quando se apaixonarem e sentirem que é a coisa certa, pedi-la em casamento. Se ela disser que não, continue a procurar e a orar até finalmente levar a jovem certa para o altar do templo. Simplesmente não desistam.

Irmãs, sejam gentis. Vocês podem muito bem recusar convites para sair ou propostas de casamento. Mas, por favor, façam-no de modo gentil. E irmãos, por favor, comecem a convidar! Há muitas de nossas jovens que nunca saem com rapazes. Não suponham que certas garotas jamais sairiam com vocês. Às vezes, elas estão se perguntando por que ninguém as convida para sair. Simplesmente convidem e estejam preparados para seguir adiante, caso a resposta for não.

Uma das tendências que vemos em algumas partes do mundo é a dos nossos jovens se reunirem apenas em grandes grupos em vez de saírem com alguém, como casal. Embora não haja nada de errado em reunir-se frequentemente com outros jovens da mesma idade, não sei se vocês podem realmente conhecer uma pessoa se estiverem sempre em grupo. Uma das coisas que vocês precisam aprender é a conversar com alguém do sexo oposto. Uma ótima maneira de aprender isso é estar a sós com alguém, para conversar, sem ter a “proteção” do grupo.

Na maioria das vezes, ao saírem com alguém, não é necessário gastar muito ou planejar demais. Quando minha mulher e eu nos mudamos da Alemanha para Salt Lake City, uma das coisas que mais nos surpreendeu foi o processo elaborado e às vezes desgastante que os jovens desenvolveram para convidar alguém para sair ou para aceitar esses convites.

Relaxem. Encontrem maneiras simples de estarem juntos. Uma das coisas que eu mais gostava de fazer quando era jovem e queria sair com uma moça era acompanhá-la até sua casa depois da Igreja. Lembrem-se, seu objetivo não deve ser o de colocar o vídeo de seu encontro no YouTube para que tenha milhões de acessos. Seu objetivo é conhecer uma pessoa e aprender a desenvolver um relacionamento significativo com pessoas do sexo oposto.

Há entre vocês, bons jovens da Igreja, alguns que talvez nunca se casem. Embora sejam dignos em todos os aspectos, pode ser que nunca encontrem alguém com quem se selarão no templo do Senhor nesta vida. Sós os que já sentiram essa desesperança conseguem realmente compreender a solidão e a dor dessas pessoas. Conheço muitas mulheres cujo maior desejo é o de ser esposa e mãe, mas não compreendem por que suas orações nunca foram atendidas. Há muitos homens solteiros que, por algum motivo, também se encontram sozinhos.

Em primeiro lugar, quero dizer-lhes que suas orações foram ouvidas. Seu Pai Celestial conhece o desejo de seu coração. Não sei por que as orações de uma pessoa são respondidas de uma forma, ao passo que as de outra são respondidas de modo diferente. Mas posso dizer-lhes o seguinte: os desejos justos de seu coração serão realizados.

Às vezes, pode ser difícil ver algo além do que está bem à nossa frente. Somos impacientes e não queremos esperar o cumprimento futuro de nossos maiores desejos. No entanto, o curto período desta vida não é nada comparado com a eternidade. Se simplesmente tivermos esperança, exercermos fé e perseverarmos com alegria até o fim — e eu disse com alegria até o fim — lá, no grande futuro celeste, veremos o cumprimento dos desejos justos de nosso coração e muitas coisas mais que hoje mal conseguimos compreender.

Enquanto isso, não fiquem esperando alguém para tornar sua vida completa. Parem de ter dúvidas em relação a si mesmos e de achar que vocês têm algum defeito. Em vez disso, procurem atingir seu potencial como filhos de Deus. Procurem estudar. Empenhem-se numa carreira profissional significativa e busquem realização própria servindo aos outros. Usem seu tempo, talentos e recursos para melhorar a si mesmos e abençoar as pessoas a seu redor. Tudo isso faz parte de sua preparação para terem sua própria família. Envolvam-se ativamente em sua ala ou ramo e procurem magnificar seus chamados, sejam eles quais forem.

O grande propósito desta existência mortal é aprender a amar plenamente a nosso Pai Celestial e a nosso próximo como a nós mesmos. Se fizermos isso com todo poder, mente e força, nosso destino eterno será glorioso e bem maior do que podemos imaginar. Sejam fiéis, e as coisas darão certo para vocês. Essa é a promessa eterna que Ele fez a todos que O amam e honram.
Sou Capaz de Permanecer Fiel?

Uma terceira pergunta que vocês, jovens, fazem é: “Será que sou capaz de permanecer fiel?” Há pessoas que têm dúvidas sobre Deus ou sobre a Igreja. Outros cedem à tentação que os afasta da segurança do caminho estreito e apertado do discipulado.

Quando eu era piloto, frequentemente via um fenômeno meteorológico interessante ao voar entre a Europa e a África. Esse fenômeno é chamado de convergência intertropical, uma série de tempestades elétricas que se movem de norte a sul ao longo do equador, enchendo o horizonte de colunas de nuvens densas e ameaçadoras.

Nunca consegui olhar para aquelas nuvens sem ficar fascinado com sua beleza e grandiosidade. Elas se erguiam em imensas formações escuras e dentro delas viam-se relâmpagos brilhantes faiscando de um lado para o outro, com indescritível fúria flamejante. Que visão gloriosa e fascinante!

Mas o que vocês acham que os pilotos fazem quando se aproximam dessas tempestades? Eles fogem delas, por mais belas e fascinantes que pareçam. À medida que a umidade se eleva nessas nuvens, começa a congelar, formando granizos do tamanho de bolas de futebol que podem perfurar metal e destruir um avião. A turbulência e as fortes descargas elétricas podem fazer o avião ou seus sistemas entrarem em pane.

O mesmo princípio não se aplica também quando vocês veem coisas capazes de causar dano espiritual? A tentação não seria tentação se não parecesse atraente, fascinante ou divertida. No entanto, tal como o piloto que se aproxima de uma tempestade, vocês precisam aprender a fugir dela, por mais bela ou fascinante que pareça.

Por amar Seus filhos, o Pai Celestial nos deu mandamentos para manter-nos a uma distância segura dessas tempestades perigosas. Ele não obriga nenhum de Seus filhos a seguir Seu caminho. Ele permite e espera que vocês escolham por si mesmos, mas saibam disto: algumas escolhas conduzem ao desastre. Portanto, escolham o que é certo.

Acrescento meu testemunho às inúmeras advertências já feitas contra o terrível problema da pornografia. Fujam dela. Fiquem longe dessas coisas.As mesmas palavras que usamos para treinar nossos pilotos em relação às tempestades eu digo a vocês em relação à pornografia: “Fujam, fujam, fujam!”

Não pensem que conseguirão colocar só a pontinha do nariz do avião dentro da tempestade; não brinquem com a pornografia. Lembrem-se de que geralmente as coisas mais repulsivas e destrutivas podem parecer atraentes no princípio. Fiquem longe dessas coisas que podem colocá-los em perigo.
É Verdade?

Agora, a próxima questão: Como encontrar respostas para as dúvidas e perguntas? Como vocês podem saber que o evangelho é verdadeiro? Há algum problema em termos dúvidas a respeito da Igreja ou de sua doutrina? Meus queridos jovens amigos, somos um povo questionador porque sabemos que as dúvidas nos conduzem à verdade. Foi assim que a Igreja começou: com um rapaz que tinha dúvidas. Na verdade, não sei como podemos descobrir a verdade sem fazer perguntas. Nas escrituras, raramente encontramos uma revelação que não foi dada em resposta a uma pergunta. Sempre que uma pergunta surgia, e Joseph Smith não tinha certeza de qual era a resposta, ele procurava o Senhor, e o resultado foram as maravilhosas revelações de Doutrina e Convênios. Muitas vezes o conhecimento que Joseph recebia ia muito além da pergunta original. Isso acontece porque o Senhor pode responder não apenas às perguntas que fazemos, mas o mais importante é que Ele pode responder às perguntas que deveríamos ter feito. Vamos dar ouvidos a essas respostas!

O trabalho missionário da Igreja se baseia em pesquisadores sinceros que fazem perguntas genuínas. O questionamento é a base do testemunho. Alguns podem sentir-se envergonhados ou indignos por terem dúvidas a respeito do evangelho, mas não precisam se sentir assim. Fazer perguntas não é um sinal de fraqueza, mas, sim, um precursor do crescimento.

Deus ordena que procuremos resposta para nossas dúvidas (ver Tiago 1:5-6) e pede apenas que busquemos “com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo”(Morôni 10:4).Se fizermos isso, a verdade de todas as coisas pode ser manifestada a nós “pelo poder do Espírito Santo” (Morôni 10:5).

Não tenham medo; façam perguntas. Sejam curiosos, mas não duvidem! Apeguem-se sempre à fé e à luz que já receberam. Como vemos de maneira imperfeita na mortalidade, nem todas as coisas farão sentido agora. Na verdade, acho que se tudo fizesse sentido para nós, isso seria uma prova de que tudo fora inventado por uma mente mortal. Lembrem-se de que Deus disse:

“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos. …

Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”(Isaías 55:8-9).

No entanto, vocês sabem que um dos propósitos da mortalidade é o de que vocês se tornem mais semelhantes ao Pai Celestial, em pensamento e ação. Desse ponto de vista, buscar respostas para suas dúvidas é algo que pode levá-los para mais perto de Deus, fortalecendo seu testemunho em vez de abalá-lo. É verdade que “fé não é … um perfeito conhecimento” (Alma 32:21), mas se vocês exercerem fé e colocarem em prática os princípios do evangelho todos os dias sob quaisquer circunstâncias, provarão os doces frutos do evangelho e por esse fruto conhecerão a veracidade dele (ver Mateus 7:16-20; João 7:17; Alma 32:41-43).
Vocês São Eternos

É claro que sempre haverá pessoas que irão chamá-los de tolos por acreditarem que são cisnes, insistindo em dizer que vocês são patinhos feios e que não podem esperar nada mais do que isso.

Mas vocês sabem que não é verdade. Graças à palavra revelada de um Deus misericordioso, vocês já viram seu verdadeiro reflexo na água e sentiram a glória eterna do espírito divino que há dentro de vocês. Vocês não são seres comuns, meus amados amigos de todo o mundo. Vocês são gloriosos e eternos.

Não importam quais sejam suas provações e circunstâncias na vida, peço que se lembrem de quem são, de onde vieram e para onde estão indo: porque a resposta a essas perguntas vai lhes dar verdadeira confiança e orientação na vida.

O Pai Celestial vive. Ele conhece vocês. Ele fala com vocês nestes últimos dias por intermédio de profetas e apóstolos. O Presidente Thomas S. Monson é o profeta do Senhor na Terra em nossos dias. Esta Igreja é dirigida pelo Salvador, Jesus Cristo. Sei disso. Ele é o cabeça desta Igreja.

Falo a vocês hoje com imperfeições e com sotaque alemão, mas prometo-lhes que as palavras que sentem no coração, na mente e na alma chegam até vocês por meio da eloquência, da pureza e do poder do Espírito Santo. E pelo poder do Espírito Santo vocês podem saber a verdade de todas as coisas.

Irmãos e irmãs, meus queridos amigos, eu os amo. Eu os amo de todo o coração. Sou grato por vocês. Sou grato por suas virtudes. Como Apóstolo do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador, eu os abençoo individual e coletivamente, para que aprendam a saber quem realmente são e o que precisam fazer e ser para ter uma vida feliz e recompensadora.

É minha oração e bênção que ao olharem para seu reflexo consigam ver além das imperfeições e incertezas e reconheçam quem realmente são: gloriosos filhos e filhas do Deus Todo-Poderoso. No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém.

© 2009 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados.Aprovação do inglês: 10/08. Aprovação da tradução: 10/08.Tradução de The Reflection in the Water. Portuguese. PD50013492 059

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Serão do SEI para Jovens Adultos • 10 de janeiro de 2010 • Universidade Brigham Young


Élder Neil L. Andersen, “Preparem-se para Seu Destino Espiritual”

Serão do SEI para Jovens Adultos • 10 de janeiro de 2010 • Universidade Brigham Young


Meus queridos jovens irmãos e irmãs, não consigo ver o rosto de todos vocês aqui no Marriott Center e, evidentemente, não consigo ver o rosto de vocês que estão reunidos em milhares de capelas no mundo inteiro, mas percebo suas boas qualidades, seu desejo de fazer o certo e seu amor pelo Senhor e por Seu evangelho restaurado. Uma das bênçãos de ser Autoridade Geral é ter a oportunidade de estar com vocês no mundo inteiro. Nos últimos meses, vi o rosto e apertei a mão de vocês em muitos lugares aqui dos Estados Unidos. Viajamos com o Presidente Uchtdorf e sua esposa, em junho passado, para a Europa Oriental, Rússia e Reino Unido. Em outubro, estivemos na África do Sul e na África Ocidental. Em novembro, voltamos da América Central. É grande a força da retidão entre os jovens e jovens adultos desta Igreja. Consolem-se em saber que vocês fazem parte de um grupo de milhares e de centenas de milhares que enfrentam os mesmos desafios e têm os mesmos objetivos importantes que vocês. Eu os amo e oro para que o Espírito do Senhor esteja conosco ao falarmos hoje de coisas que são muito importantes para vocês.

Já estou nesta vida mortal há três ou quatro décadas a mais que a maioria de vocês, mas não foi a minha experiência que me colocou aqui hoje diante de vocês. Tenho consciência de minhas próprias fraquezas e estou aqui diante de vocês como Apóstolo do Senhor Jesus Cristo, ordenado e comissionado para prestar testemunho Dele e para dizer as coisas que Ele diria. Fui encarregado de vir aqui hoje pelo principal Apóstolo do Salvador, o Presidente Thomas S. Monson.

Ao olhar para vocês, penso em como eu era há 37 anos. Tinha acabado de voltar de uma missão na França. Com poucos recursos além de algum dinheiro emprestado, vim aqui para a Universidade Brigham Young. Consegui emprego de lavador de janelas no campus. Ainda levaria um ano para eu conhecer a luz da minha vida: Kathy Williams. Sentia-me meio solitário e inseguro em relação ao caminho à frente. Lembro-me de me perguntar: “O que será que o futuro me reserva e como devo preparar-me?”

Relembrando esses pensamentos, dei ao meu discurso de hoje o título de “Preparem-se para Seu Destino Espiritual”

Quando Jesus estava na Terra, muitas vezes citava objetos tangíveis para ajudar Seus discípulos a compreenderem melhor o intangível, o espiritual. Ele falava de sementes, grãos, estábulos, galinhas, flores, raposas e dezenas de outros objetos palpáveis para ajudar as pessoas a compreenderem melhor as coisas da fé e do arrependimento, da força espiritual e da salvação.

Ele não falava de aviões porque isso não fazia parte de Sua época, mas o Presidente Uchtdorf preencheu essa lacuna nos últimos anos e nos proporcionou maravilhosos ensinamentos baseados em sua própria experiência como piloto.

Tenho hoje uma história que envolve aviões que nos ensina como nos preparar para nosso destino espiritual.
O Capitão Sullenberger e o Voo 1549 da US Airways

Faz exatamente um ano esta semana que, no dia 15 de janeiro de 2009, o voo 1549 da US Airways decolou do aeroporto LaGuardia, na Cidade de Nova York, e elevou-se rapidamente para o céu, no que deveria ter sido uma viagem sem incidentes até Charlotte, Carolina do Norte, na costa leste dos Estados Unidos. O piloto era o capitão Chesley B. “Sully” Sullenberger. Ele tinha mais de 19.000 horas de voo e supunha que a viagem de uma hora e meia que teria pela frente seria rotineira.
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Capitão Chesley B. “Sully” Sullenberger

Quando o Airbus A320 atingiu 900 metros de altura, algo inesperado surgiu bem à sua frente. Um bando de imensos gansos canadenses, de 1,80 m de envergadura, rumava diretamente para o avião. As grandes aves chocaram-se com a aeronave. Pior ainda, os gigantescos motores das duas asas, aspirando o ar para dentro de suas turbinas com enorme força, arrastaram os gansos para a rota do avião. Ouviu-se um terrível ruído de esmigalhamento quando as aves foram sugadas para dentro dos motores. Depois, um silêncio ensurdecedor: as turbinas haviam parado de funcionar.
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Percurso do voo 1549 da US Airways 1549 antes do pouso de emergência no Rio Hudson.

O capitão Sullenberger imediatamente começou a determinar como conseguiria aterrissar o avião em segurança. Primeiro, pensou na possibilidade de voltar ao aeroporto, depois pensou em seguir para outro aeroporto próximo. O perigo e os riscos eram enormes. Ele não sabia por quanto tempo conseguiria fazer o avião planar com os motores em pane. Tinha só um instante para decidir. O capitão Sullenberger decidiu que sua melhor chance seria pousar o avião no rio Hudson, que passa perto da Cidade de Nova York. Naqueles poucos segundos, todo o seu treinamento como piloto de linha, todo o seu raciocínio, instintos e talentos foram concentrados no pouso de emergência que teria de fazer.
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O voo 1549 da US Airways plainou menos de 300 metros acima da ponte George Washington.
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Em 15 de janeiro de 2009 o voo 1549 da US Airways pousou no rio Hudson, em Nova York.

Com os arranha-céus bem ao lado das janelas, o avião desceu rapidamente, passando pouco menos de 300 metros acima da ponte George Washington. Então, voando o mais lentamente possível e com as asas perfeitamente paralelas à superfície da água, ele ergueu o nariz do avião e o fez descer de barriga no rio. A aeronave, que pesava 120 toneladas, deslizou sobre a água e depois parou em segurança, totalmente intacta.
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Passageiros do voo 1459 da US Airways aguardam o resgate. (Reuters/Jane Doe)

Era inverno, a temperatura estava bem abaixo de zero, e o capitão sabia que o avião começaria a afundar. Os passageiros foram rapidamente conduzidos para fora pelas saídas de emergência, ficando em cima das asas. Os botes salva-vidas do avião foram inflados, e barcos vindos das margens se aproximaram rapidamente para resgatar os passageiros. A notícia era quase inacreditável: Embora um avião de 60 milhões de dólares tivesse sido perdido, o capitão Sullenberger havia pousado em segurança, e todos os 154 passageiros e tripulantes foram salvos, bem como o próprio capitão Sullenberger.

Como Jesus fez em Seus ensinamentos, vamos relacionar o tangível com o intangível, o material com o espiritual. Vamos abordar três áreas em que nosso destino espiritual — o seu destino espiritual — pode ser comparado ao voo 1549 da US Airways. Primeiro: Vocês estão em uma jornada pela mortalidade. Segundo, cada um de vocês deve ser um capitão na causa do Senhor, com uma missão específica a cumprir. Terceiro, seu dever sagrado é voltar em segurança e levar muitos com vocês.
Jornada pela Mortalidade.

Primeiro: Vocês estão em uma jornada pela mortalidade.

Os passageiros do voo 1549 não começaram sua existência quando subiram no avião, em Nova York. Estavam numa jornada. Muito havia ocorrido na vida deles antes do voo, e muitas coisas aconteceriam depois do voo. Da mesma forma, esta vida mortal não é onde começamos, nem será onde terminaremos. Estamos numa jornada. Essa jornada começou há muito tempo, num estado pré-mortal, onde recebemos nossas “primeiras lições no mundo dos espíritos e [fomos] preparados para nascer no devido tempo do Senhor” (Doutrina e Convênios 138:56). Somos literalmente filhos e filhas espirituais de pais celestiais. O Senhor disse: “Eu sou Deus; eu fiz o mundo e os homens antes que existissem na carne” ( Moisés 6:51), “pois no céu os criei” (Moisés 3:5).

O poeta William Wordsworth escreveu estas belas palavras:

Nosso nascimento é como um sonho e um esquecimento:
A Alma que nasce conosco, nossa estrela da vida
Teve outra habitação,
E veio de longe:
Não em total esquecimento,
Nem em total nudez,
Mas trilhando nuvens de glória
Viemos de Deus, que é nosso lar1

Nossa vida pré-mortal não foi uma existência passiva. Tivemos de fazer escolhas ali, como fazemos aqui. Progredimos e precisávamos de um corpo físico e das experiências da mortalidade. Precisávamos provar nossa disposição de viver pela fé. Nosso Pai Celestial apresentou-nos um plano. A parte central desse plano era o papel desempenhado por Seu Filho Unigênito, que nos proveria um caminho de volta. Aceitamos o plano do Pai e nos regozijamos com o Salvador escolhido. As oportunidades e responsabilidades que nos foram preordenadas ajudam a moldar o que temos a fazer na mortalidade. De uma maneira não inteiramente compreendida, “nossas ações no mundo espiritual influenciam-nos na mortalidade”. 2

Agora estamos aqui, em nossa tão longamente esperada mortalidade. Embora não tenhamos hoje a lembrança de nossa vida pré-mortal, ela soa como verdadeira para nós. Mesmo nesta vida, não lembramos todas as coisas que são importantes. Por exemplo: vocês se lembram das primeiras palavras que falaram ou de quando deram seus primeiros passos? Lembram-se de terem pensado: “É… minha mãe já não me carrega tanto no colo quanto antes, então, se eu quiser me locomover à vontade, é melhor eu ficar em pé e andar”? Não é difícil sentirmos em nosso íntimo de que não começamos a existir com nosso nascimento na mortalidade. Somos filhos e filhas de Deus. Há uma escritura em Alma que descreve o papel das escrituras de “[ampliar] a memória deste povo” (Alma 37:8). Nossa memória foi ampliada, e sabemos que fomos preparados para a vida que estamos vivendo agora.

Assim como nossa vida começou antes de nosso nascimento na mortalidade, ela não termina quando o coração para de bater. Continuamos a existir. Quem vocês são, seu eu, seu ser individual e distinto… vocês sempre serão vocês. Alguns podem dizer: “Eu não gosto de mim mesmo”. É pena! Vocês podem moldar a pessoa que virão a ser, podem ser mais do que são hoje, mas sempre serão vocês mesmos.
Capitães na Causa do Senhor

Segundo: Cada um de vocês deve ser um capitão espiritual na causa do Senhor, com uma missão específica para cumprir.

Temos um destino espiritual, e ele não permite que viajemos passivamente no fundo do avião ao longo de toda a mortalidade. O Senhor prometeu a Abraão que em sua semente todas as nações da Terra seriam abençoadas (ver Gênesis 22:18; Abraão 2:9). Ele estava-Se referindo à bênção espiritual trazida ao mundo por nosso intermédio, a quem Ele chamou de “filhos do convênio” (3 Néfi 20:26). Alma explicou que alguns foram “chamados e preparados desde a fundação do mundo, segundo a presciência de Deus” (Alma 13:3).

Já se perguntaram alguma vez: “Por que sou quem sou? Por que me sinto da maneira que me sinto? Por que decidi acreditar tão plenamente no Senhor Jesus Cristo? Por que decidi guardar Seus mandamentos, enquanto outros não se importam com isso? Por que sinto o que sinto quanto ao Livro de Mórmon? Por que as palavras que leio nas páginas das escrituras vão diretamente a meu coração, ao passo que outros são quase indiferentes a esse livro sagrado? Por que eu me dispus a fazer os convênios sagrados por meio do batismo, a fazer convênios no templo e (no caso de muitos de vocês) a sair em missão?”

Vocês foram escolhidos e preordenados para terem o evangelho em sua vida e para serem líderes na causa do evangelho restaurado.

O capitão Sullenberger tinha mais de 19.000 horas de experiência na época do voo 1549. Ao refletir sobre sua decisão de tornar-se piloto, ele disse que aos 16 anos, depois de menos de oito horas de voo em um aviãozinho monomotor, soube que voar faria parte de seu destino.3

Aceitem o fato de que vocês têm um destino de importância eterna, um destino espiritual. Leiam sua bênção patriarcal. Como foi dito a respeito da antiga rainha Ester: “Para tal tempo como este chegaste [aqui]” (Ester 4:14). Acreditem nisso e aceitem esse fato!

O fato de vocês saberem quem são e quem deveriam ser não os torna capitães na causa do Senhor. Há obstáculos e tentações muito mais traiçoeiras do que um bando de gigantescos gansos canadenses que podem impedi-los de alcançar seu destino. Vocês precisam estar atentos. Para serem capitães na causa do Senhor é preciso que se preparem, e essa preparação não é fácil! O Salvador disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus 16:24). Ele explicou também que “um homem tomar sua cruz significa negar-se a toda iniquidade e a toda concupiscência mundana e guardar [os] mandamentos [do Senhor]” (TJS Mateus 16:26).

Ao refletir sobre o tempo que passou em treinamento na Academia da Força Aérea, o capitão Sullenberger disse:

“Foi uma experiência muito intensa. (…) Fomos testados, (…) desafiados, e tivemos que ver muitos de nossos companheiros desistirem. (…)

Isso fez com que eu me desse conta de que se eu me esforçasse o suficiente, encontraria forças que não sabia que tinha. Se eu não tivesse sido forçado a dar o máximo (…) , nunca teria conhecido a plena extensão da fonte de força interior a que eu poderia recorrer.4

A preparação espiritual vai revelar suas próprias fontes de força interior. Há muito poder na oração. Há força nas escrituras. Aprendi a dar um passo adiante com fé e a ser mais plenamente obediente. Tomar o sacramento dignamente todas as semanas após ter-nos preparado para isso é algo que nos renova e protege. Recebemos o inestimável dom do Espírito Santo. Esse dom celeste é real e absolutamente essencial para manter-nos seguros.

Ao falar de seu trabalho como piloto de linha, o capitão Sullenberger alertou:

“Nem toda situação pode ser prevista ou antecipada. Nem tudo está numa lista de verificação.5

Cada um tem que ter consciência do que sabe e do que não sabe. (…)

Também é preciso compreender como nosso raciocínio pode ser afetado pelas circunstâncias.”6

Esses mesmos princípios se aplicam a nossa missão espiritual. A revelação pessoal recebida por meio do dom do Espírito Santo nos guia em meio aos imprevistos na realização do que viemos fazer aqui. E a retidão pessoal é essencial para termos o dom do Espírito Santo. Não seremos guiados pelo Espírito Santo se formos negligentes em obedecer.

O ponto central de tudo o que pensamos e fazemos é o Senhor Jesus Cristo. A vida Dele é nosso exemplo. É graças a Ele que viveremos novamente. É pelo poder de Sua Expiação que poderemos estar puros na presença de nosso Pai. Aprendemos a amar nosso Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo, de todo o coração, poder, mente e força. Gosto da frase: “Aquele que ama ao Senhor de todo o coração O ama acima de tudo neste mundo e tudo aquilo a que ama se refere ao Senhor”.7 Jesus disse: “Se me amais, guardai os meus mandamentos”(João 14:15).

Há muitas pessoas boas na Terra. Há muitas pessoas altruístas. Há outros que acreditam em Cristo tanto quanto nós acreditamos. Não somos os únicos que oram ao Pai Celestial ou que recebem respostas para as orações, nosso Pai ama a todos os Seus filhos. Mas não podemos esquecer que somente A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem o sacerdócio de Deus. Somente aqui temos o profeta do Senhor. Somente aqui temos o poder sagrado de selamento que permite que as famílias sejam eternas.

Embora este serão esteja sendo transmitido em 33 idiomas, somos poucos comparados aos bilhões que há na Terra. Pedro nos chamou de “geração eleita, o sacerdócio real, (…) o povo adquirido” (I Pedro 2:9). Não menosprezem nem diminuam o papel e a responsabilidade específicos que receberam. Vocês devem ser capitães na causa do Senhor, encarregados de erguer bem alto a bandeira do evangelho restaurado, porque o Senhor disse que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias deveria “ser um mensageiro diante de [Sua] face e preparar o caminho diante [Dele]” ( Doutrina e Convênios 45:9).
Seu Dever Sagrado

Terceiro: Seu dever sagrado é voltar em segurança e levar muitos com vocês.

Grande parte de seu destino espiritual será gravado na vida daqueles que vocês ajudarem espiritualmente. O que fez do capitão Sullenberger um herói? O que o tornou respeitado e valorizado? Foi o fato de ele conseguir pensar rapidamente? Foi o fato de ter feito as escolhas certas quando os motores pararam? Foi o fato de ele saber como manter as asas perfeitamente paralelas à superfície da água ao pousar? Ora, foi tudo isso! Mas o mais importante é que 154 vidas poderiam ter sido facilmente perdidas, e ele as salvou e, com isso, salvou-se a si mesmo.

O capitão Sullenberger disse o seguinte a respeito de ter salvado a vida de seus passageiros: “Em termos abstratos, 155 é apenas um número, mas olhar para o rosto de todos aqueles passageiros, e depois para o rosto de todos os seus entes queridos, fez com que eu me desse conta de quão profundamente maravilhoso foi termos um final tão feliz para o voo 1549”.8

Será que podemos aplicar isso a nossa missão? Os membros desta Igreja são imensamente generosos ao ajudar os pobres e necessitados tanto da Igreja quanto no mundo inteiro. Contudo, nossa missão divina, a bênção que o Senhor disse que viria por intermédio de Abraão, é primordialmente espiritual.

Temos que estender a mão e ajudar outras pessoas a voltarem à presença do Pai Celestial conosco.

O Senhor disse: “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á (Mateus 10:39). Vamos ler Mateus 25, pensando em nosso papel de capitães espirituais e inserindo a palavra espiritual:

“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

Porque tive fome [espiritual], e destes-me de comer; tive sede [espiritual], e destes-me de beber; era estrangeiro [espiritualmente], e hospedastes-me; (…)

Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome [espiritual], e te demos de comer? ou com sede [espiritual], e te demos de beber? (…)

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:34–35, 37, 40).

Quem vocês devem levar com vocês? Em primeiro lugar, para todos os que tiverem oportunidade, vocês devem-se casar e levar consigo seu cônjuge e sua família. Essa é sua primeira responsabilidade. A família é uma organização do céu.

Para compreender plenamente essa responsabilidade, temos que olhar para muito além daquilo que vemos bem à nossa frente. Só compreendemos os frutos espirituais de se criar uma família em retidão quando olhamos para além de nossa geração, para nossos netos, bisnetos e assim por diante. O capitão Sullenberger compreendeu esse princípio ao salvar a vida de seus passageiros. Ele disse: “Não sei quais serão as coisas boas que ainda serão realizadas pelas 154 pessoas que estavam em meu voo. Não posso sequer imaginar o bem que seus filhos, netos e bisnetos que ainda não nasceram podem vir a fazer no mundo”.9

Quero falar a vocês dos frutos da preparação espiritual de uma família ao longo de muitas gerações.
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Henry Arline

Henry Arline viveu de 1841 a 1919. Em 1898, aos 57 anos de idade, ele ouviu os missionários pregarem o evangelho em uma escola, no Estado da Flórida, nos Estados Unidos, e disse à mulher: “Pela primeira vez na vida, eu ouvi a verdade”. Ele e a família foram batizados. Poucos anos depois, viajaram de trem para Utah, uma viagem de mais de 3.200 quilômetros, para receber as ordenanças de selamento no templo. Ele voltou para a Flórida e continuou fiel e leal por toda a vida.
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Sophronia Arline Williams

A filha dele foi Sophronia Arline Williams e o filho dela foi James Bernard Williams. Bernard Williams conheceu uma bela jovem, Martha Aman. Ela pesquisou sinceramente a Igreja, adquiriu um forte testemunho e foi batizada.
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Foto de casamento de James Bernard e Martha Williams
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Foto da família de James e Martha Williams em que a irmã Kathy Willians Andersen é ainda pequena.

Oito anos depois de se casarem, foram selados aos três filhos no Templo de Salt Lake. A filha caçula deles é Kathy Williams, que conheci anos depois na BYU e a quem implorei que se casasse comigo. Agora temos 4 filhos e 13 netos.
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Retrato da família de Neil e Kathy Andersen

Serei eternamente grato à mãe de Kathy e a seu bisavô, que foram pessoas justas e se filiaram à Igreja e permaneceram fiéis por toda a vida. Essas duas pessoas nunca se conheceram na mortalidade. Viveram em épocas diferentes, mas foram capitães na causa do Senhor e ajudaram a levar sua família com elas por causa de suas decisões espirituais.

É verdade que nem todos terão a oportunidade de se casarem nesta vida, mas um companheiro eterno é prometido nas eternidades para as pessoas justas que desejarem essa bênção. As pessoas que não se casarem podem fazer muitas coisas e podem ser capitães na causa do Senhor e levar muitas almas com elas. Na última conferência, a irmã Barbara Thompson, que está na presidência geral da Sociedade de Socorro e é solteira, disse o seguinte:

“Quando terminei o curso médio, minha meta era fazer faculdade, (…) casar-me com um homem bonito e ter quatro filhos perfeitos e lindos. (…)

Bem, como vocês sabem, muitas das minhas metas não se cumpriram como eu esperava. Terminei a faculdade, fui missionária de tempo integral, consegui um emprego, prossegui meus estudos (…) e continuei trabalhando em minha profissão por muitos anos. (…) Mas não houve um homem bonito, nem casamento, nem filhos. (…)

Uma colega de trabalho, que não era membro da Igreja, me perguntou: ‘Por que você continua a frequentar uma Igreja que dá tanta ênfase ao casamento e à família?’ A resposta simples que lhe dei foi: ‘Porque ela é verdadeira!’ (…) Com a Igreja e o evangelho de Jesus Cristo em minha vida, encontrei alegria e soube que estava no caminho que o Salvador queria que eu seguisse.”

Ela então citou uma maneira pela qual poderia influenciar espiritualmente outras pessoas, mesmo solteira: “Tive a oportunidade de servir por muitos anos nas Moças e sinto que isso me deu a oportunidade de ensinar e testificar às mulheres mais jovens que desenvolviam seu testemunho”.10

Há 25 anos a irmã Thompson era a consultora das Lauréis de Shellie Nielson. Shellie Nielson, que hoje é Shellie Nielson Seager, escreveu para a irmã Thompson, mais de vinte anos depois, expressando sua gratidão. A irmã Seager escreveu:

“Acordei às 5h15 pensando em você e na influência que você exerceu em minha vida. (…)

Éramos prioridade para você. Você sempre nos deu tanta atenção, carinho e amor. Você era sempre tão divertida! (…) mas o mais importante era que sabíamos que você tinha um forte testemunho do evangelho de Jesus Cristo”.11

A irmã Seager tem hoje uma família com cinco filhos. A influência positiva da irmã Thompson vai refletir na vida da irmã Seager para sempre, e também nas gerações futuras.

O Senhor disse:

“Lembrai-vos de que o valor das almas é grande à vista de Deus; (…)

E, se trabalhardes todos os vossos dias clamando arrependimento a este povo” (e clamar arrependimento simplesmente significa ajudar as pessoas a voltarem para Deus) “e trouxerdes a mim mesmo que seja uma só alma, quão grande será vossa alegria com ela no reino de meu Pai!

E agora, se vossa alegria é grande com uma só alma (…), quão grande será vossa alegria se me trouxerdes muitas almas!” (Doutrina e Convênios 18:10 , 15–16).12

Se voltarmos nossa atenção aos outros (primeiro a nosso cônjuge, depois à nossa família e, depois a outros), elevando-os espiritualmente e ajudando-os a permanecer firmes, estaremos salvando gerações e cumprindo nosso destino eterno.

Luciano Cascardi é o presidente da Estaca São Paulo Ipiranga Brasil. O irmão Luciano era um menino de seis anos quando sua família foi batizada em São Paulo, Brasil. O presidente Luciano Cascardi veio até os Estados Unidos, em outubro passado, procurando o missionário que havia ensinado sua família há 40 anos. Uma coisa ele sabia com certeza: o primeiro nome do missionário era Élder.

Graças a vários milagres, o irmão Luciano o encontrou: o irmão Larry Wilson, um forte líder da Igreja do norte da Califórnia. Em uma carta ao irmão Wilson, ele disse que encontrar esse missionário foi como encontrar um pai que havia perdido há muitos anos. Então, referindo-se à semente espiritual que germinou há 40 anos e se multiplicou e tocou tantas vidas depois disso, disse: “É possível contar as sementes de uma maçã, mas não se pode contar quantas maçãs há numa semente” 13

Não temos que estar na missão para fortalecer e elevar outras pessoas. O Presidente Monson ensina sempre que devemos estender a mão e resgatar as pessoas a nosso redor. Lembram-se da história de quando ele estendeu a mão, quando era um jovem bispo, para ajudar uma pessoa que não frequentava a Igreja?

O Presidente Monson disse:

“Quando servi como bispo, reconheci que eu era o presidente do quórum dos sacerdotes e quis cuidar de todos os rapazes. Havia um rapaz que nunca vinha, por isso pensei comigo: ‘estou aqui sentado com os sacerdotes. Eles têm um consultor. Vou deixá-los com o consultor que lhes dará a aula. Vou procurar o Richard Casto.’ Fui até a casa dele. A mãe e o pai estavam em casa e me disseram que ele estava trabalhando numa oficina na rua West Temple.

Fui até a esquina da rua Fifth South com a rua West Temple e encontrei o portão aberto, mas não havia ninguém ali. Comecei a procurar por toda parte, mas não encontrei ninguém. Então, fui até os fundos e encontrei um daqueles antigos fossos de lubrificação.

Olhei para baixo, na escuridão, e vi dois olhos brilhantes me fitando. Ele disse: ‘Você me achou, bispo. Já vou sair’. Ele saiu do fosso de lubrificação.

Tivemos uma conversa muito agradável, e eu disse: ‘Richard, precisamos de você. Você tem jeito com as pessoas. Quero que todos os sacerdotes frequentem as reuniões. Você vem?’ Ele disse: ‘Eu vou’. E ele veio.”

Anos depois, Richard Casto contou o que aconteceu depois daquele dia:

“Depois disso, servi em uma missão, fui selado à minha esposa no templo, tivemos cinco filhos excelentes — dois deles foram missionários —, e eu servi duas vezes como bispo. Meus filhos o amam muito e minha esposa também, pelo que ele fez por mim. Essa foi provavelmente uma das maiores bênçãos que recebi na vida.”14

Na conferência geral de outubro de 2009, o Presidente Monson disse: “Creio que o Salvador está dizendo que, a menos que nos entreguemos totalmente ao serviço ao próximo, haverá pouco propósito em nossa vida. Aqueles que vivem só para si acabam definhando e figurativamente perdem a vida, ao passo que aqueles que se dedicam inteiramente ao serviço ao próximo crescem e florescem — e literalmente salvam a própria vida”. 15

Vocês devem ser capitães na causa do Senhor, com a missão específica de voltar para casa em segurança e de levar muitos com vocês.
Prossigam com Esplendor de Esperança

Quero encerrar com uma experiência pessoal que também tem a ver com aviões.

No dia 9 de novembro passado, Kathy, minha mulher, e eu estávamos voltando da Cidade da Guatemala e teríamos que pegar uma conexão em Miami, Flórida. Tínhamos um compromisso importante, e era vital que pegássemos o avião em Miami. Partimos bem cedo pela manhã, deixando nosso hotel, que ficava perto de Antigua, Guatemala, para pegar o voo para Miami, às 8h55. Quando entramos na Cidade da Guatemala, o trânsito estava mais congestionado do que de costume. Ficamos preocupados em chegar ao aeroporto a tempo. Chegamos em cima da hora para pegar nosso avião.

Passamos correndo pela imigração e seguimos para o portão de embarque. No portão, ficamos sabendo que o avião só sairia dali a uma hora e meia. Ele tinha-se atrasado na noite anterior por causa do tempo turbulento. Os pilotos e a tripulação precisavam de um certo tempo para descansar. Com esse atraso, ficamos preocupados, com medo de perder nossa conexão em Miami. Embarcamos no avião uma hora e meia depois, mas ao passarmos pelo portão, ficamos sabendo que havia um defeito eletrônico na cabine do piloto. Isso resultou num atraso de mais 40 minutos. Respiramos fundo, imaginando se teríamos a menor possibilidade de pegar nossa conexão.

A viagem entre a Cidade da Guatemala e Miami foi bem rápida. Chegamos a Miami apenas 30 minutos antes do horário marcado para a partida do voo de conexão. Trinta minutos não parecia ser o suficiente, mas decidimos tentar. Corremos o mais rápido possível. Para nossa surpresa, a fila da imigração estava curta. Seguimos para a alfândega americana, orando em silêncio para que a bagagem que levávamos não fosse escolhida para ser inspecionada. O Senhor ouviu nossas orações. Olhando para as telas de informações dos voos do aeroporto, vimos que nosso avião estava no portão D-3. Depois de corrermos até o portão de embarque, passamos pelo sofrido processo de inspeção de segurança. Tiramos os sapatos. Colocamos todos os líquidos em um saco plástico. Separamos o laptop. Torcemos para que o alarme do monitor de segurança não tocasse ao passarmos pelo sensor.

Ao terminarmos a inspeção de segurança, tínhamos apenas 10 minutos até a hora marcada da partida. Olhei novamente para a tela com as informações dos voos. Para o meu desespero, eu tinha cometido um erro, o avião não iria sair do portão D-3, mas, sim, do E-3. Estávamos no portão errado. Estávamos sem fôlego. As portas do avião provavelmente já estavam fechadas, e estávamos a várias centenas de metros do portão de embarque. Pensamos em desistir, mas, dando coragem um ao outro, esforçamo-nos ao máximo para ir até o fim. Saímos em disparada, arrastando as malas de rodinhas atrás de nós. Ao chegarmos ao portão E-3, ouvimos nosso nome ser chamado. Foi um milagre. As portas ainda estavam abertas. Tínhamos conseguido!

A caminho de seu destino espiritual vocês enfrentarão obstáculos, atrasos e equipamentos com defeito. Haverá erros. Pode ser que vocês fiquem se perguntando se vão conseguir. Não desanimem! Vocês também terão momentos de esperança e fé, em que as portas vão-se abrir e os obstáculos serão vencidos. Continuem, persistam e, acima de tudo, acreditem em Cristo e aprendam a segui-Lo e a seguir Seus profetas, prossigam, como disse Néfi, com “um esplendor de esperança” (2 Néfi 31:20). Se fizerem isso, prometo que um dia ouvirão seu nome ser chamado. Vocês vão conseguir.

Nosso Pai Celestial vive. Somos Seus filhos e filhas. Jesus Cristo é nosso Salvador e Redentor. Ele restaurou Seu evangelho por intermédio do Profeta Joseph Smith. O Presidente Monson é Seu profeta hoje. Oro para que vocês recebam todas as bênçãos do céu que lhes estão reservadas, ao prepararem-se para seu destino espiritual, em nome de Jesus Cristo. Amém.

© 2009 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Aprovação do inglês: 5/09. Aprovação da tradução: 5/09. PD50018081 059
Notes

1. William Wordsworth, “Ode: Intimations of Immortality from Recollections of Early Childhood”, The Oxford Book of English Verse, (comp.) Christopher Ricks, 1999, p. 351.

2. Dallin H. Oaks, A Liahona,, janeiro de 1994, p. 78 ou Conference Report, outubro de 1993, p. 97.

3. Ver Captain Chesley “Sully” Sullenberger e Jeffrey Zaslow, Highest Duty: My Search for What Really Matters, 2009, pp. 5, 10.

4. Sullenberger, Highest Duty, pp. 93, 95.

5. Sullenberger, Highest Duty, p. 188.

6. Sullenberger, Highest Duty, pp. 119,–120.

7. Howard W. Hunter, Conference Report, abril de 1965, p. 58.

8. Sullenberger, Highest Duty, p. 286.

9. Sullenberger, Highest Duty, p. 264.

10. Barbara Thompson, “Cuidado com o Vão”, A Liahona, novembro de 2009, pp. 119–120

11. Carta de Shellie Nielsen Seager a Barbara Thompson, datada de 2 de abril de 2007.

12. Ver Neil L. Andersen, “Arrependendo-vos (…) para que Eu Vos Cure”, A Liahona, novembro de 2009, pp. 40–43.

13. De uma carta pessoal de Larry Wilson, datada de 14 de novembro de 2009, e de uma mensagem de Luciano Cascardi para a família Wilson, em email datado de 9 de outubro de 2009, traduzida para o inglês e, depois, traduzida novamente para o português.

14. Ver o DVD A Serviço do Senhor (2008).

15. Thomas S. Monson, “O Que Fiz Hoje por Alguém?”, A Liahona, novembro de 2009, pp. 84–87.