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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Testemunho do Presidente Gordon B. Hinckley - Um Profeta do Senhor...

Que Tipo de Homens e Mulheres Devereis Ser? Bispo H. David Burton Bispado Presidente Serão do SEI para Jovens Adultos • 2 de novembro de 2008

Que Tipo de Homens e Mulheres Devereis Ser?

Bispo H. David Burton
Bispado Presidente
Serão do SEI para Jovens Adultos • 2 de novembro de 2008 • Universidade Brigham Young

Minha esposa e eu, juntamente com alguns membros de nossa família, inclusive três alunos da Universidade Brigham Young, um aluno da Universidade Estadual de Utah, e uma bela amiga, Crystal Ming, que freqüenta o instituto de religião da Universidade de Washington, estamos muito felizes por estar com vocês nesta noite de domingo. Barbara e eu adoramos nos reunir com a nova geração. Adoramos sua energia vibrante e sua fidelidade. Amamos vocês pelas coisas que já realizaram na vida e por aquilo que ainda realizarão ao servirem com grande distinção ao Pai Celestial e uns aos outros. Nós os amamos pela virtude e bondade que transparecem em seu rosto e que podemos ver em vocês aqui mesmo, esta noite.

Há duas semanas, a minha esposa e eu participamos de um devocional para oficiantes no Templo de Nauvoo. A maioria daquelas pessoas maravilhosas é muito mais velha que a maior parte de vocês. Na ocasião, sentimos a presença de um Espírito maravilhoso naquela casa gloriosa. Sentimos esse mesmo doce Espírito nesta noite aqui com vocês. Mesmo assim, é meio assustador falar a esse número tão grande de jovens que está reunido tanto neste impressionante edifício como em vários outros lugares no mundo todo, via satélite e com o uso da tecnologia.

Nunca esquecerei a primeira vez que falei em uma conferência geral. O convite que recebi para discursar indicava que eu teria 14 minutos na sessão da manhã de domingo e que falaria após o Presidente Howard W. Hunter. Nem é preciso dizer que as circunstâncias naquela ocasião também eram muito assustadoras para mim. Mais ou menos uma semana antes da conferência geral, encontrei com o Élder Russell M. Nelson no saguão e ele me perguntou como estava indo meu discurso. Confidenciei ao Élder Nelson que eu estava tendo dificuldades em minha preparação, e então me ocorreu que o único motivo pelo qual ele sabia que eu iria falar era porque seu convite devia indicar que ele falaria depois de mim. De posse dessa pequena informação tão vital, corajosamente perguntei ao Élder Nelson por que alguém tão inexperiente e assustado como eu seria colocado entre o Presidente Hunter e ele. Ele pensou por um instante e depois, com aquela piscadela que sempre dá, respondeu: “Bispo, o único motivo que me ocorre é que você foi escalado entre nós por inspiração, para assim causarmos boa impressão”. Depois dessa conversinha, meu grau de nervosismo subiu a uma altura que jamais havia experimentado.

“Será Que Algum Dia Você Será Alguém na Vida?”

Há quase meio século, pouco antes de minha missão na Austrália, tive a grande bênção de trabalhar por mais ou menos quatro anos em uma loja de golfe para um extraordinário profissional escocês desse esporte. O nome dele era Alex McCafferty. Ele não era da Igreja e, apesar de ter vivido entre santos dos últimos dias por bem mais de 25 anos, não compreendia exatamente a nossa doutrina ou o evangelho. Era um excelente patrão e eu sempre serei grato por sua generosidade e pela bondade que tantas vezes demonstrou. A paciência com que me ensinou os pequenos detalhes do jogo de golfe ajudou-me a ter sucesso em algumas competições das quais participei quando jovem e permitiu também que eu apreciasse o golfe como recreação a vida toda. Às vezes, o linguajar que ele usava, carregado de um forte sotaque escocês, podia ser um pouquinho rude. Quando meu trabalho não satisfazia as expectativas de Alex, ou quando eu cometia um engano ao atender um cliente, ele proferia uma imprecação com seu sotaque escocês, em voz baixa, mas firme, seguida pela mesma pergunta: “David, meu rapaz, será que algum dia você será alguém na vida?”

Ainda me lembro das palavras exatas que Alex usou quando finalmente criei coragem para informá-lo de que havia aceitado o chamado de um profeta de Deus para servir por dois anos como missionário na Austrália e que, portanto, eu sairia do emprego. Naquela ocasião, a resposta dele foi precedida de várias imprecações e depois veio a declaração: “David, meu rapaz, você nunca será alguém na vida se ficar saracoteando pelo mundo para falar de religião”.

Um ou dois dias antes de ir para a missão, fui até a loja dizer adeus a meu bom amigo Alex. Ao apertar a mão dele e expressar meu apreço, ele me puxou para si e pôs um envelope em minha mão. Ambos tínhamos lágrimas nos olhos quando eu rapidamente caminhei até o carro. Dirigi por alguns minutos até um parque das proximidades onde, no sossego do lugar, li seu bilhete e descobri que ele tinha posto no envelope uma boa soma em dinheiro para me ajudar a financiar a missão.

Cerca de um ano depois, enquanto eu servia em Adelaide, na Austrália, recebi um bilhete de Alex. O bilhete dizia: “David, meu rapaz, disseram-me que os missionários precisam de um novo terno depois de um ano. Por favor, com este dinheiro, compre um terno feito com a melhor lã escocesa”.

Alguns dias depois de voltar da Austrália, parei no campo de golfe para ver como ele estava. Alex perguntou se eu estava preparado para jogar golfe. Eu disse a ele que meus dias de jogar golfe a sério haviam terminado, pois havia vendido meus tacos, assim como o carro, para ajudar a custear a missão, além disso, já estava mais do que na hora de eu passar a levar os estudos a sério.

Ele respondeu, começando com a imprecação habitual: “David, meu rapaz, você nunca será nada na vida se não jogar golfe. Vá agora mesmo até a loja de golfe e escolha o conjunto de tacos de sua preferência”.

Fiz exatamente o que ele disse e depois de quase 50 anos ainda tenho aqueles tacos. É claro que eu não gostava do linguajar impróprio de Alex, mas sempre serei grato pelas lições de honestidade, integridade e generosidade que aprendi enquanto trabalhava para ele.

Com o passar dos anos, refleti muitas vezes sobre a pergunta de Alex: “Será que algum dia você será alguém na vida?” Alex estava, do jeito dele, manifestando seu descontentamento comigo. Ele estava questionando minha capacidade de seguir instruções, minha atenção para com as tarefas a fazer e meu compromisso com o emprego. Estava também questionando se eu tinha o desejo de ser um adulto de sucesso, produtivo e prestativo. Ponderei repetidas vezes essas perguntas. Devo admitir que na época eram perguntas importantes e que continuam sendo importantes atualmente. Eu ainda sou uma obra inacabada. Concluí também que Alex estava questionando as realizações da minha vida, e não tanto a jornada da vida em si. A pergunta dele, porém, leva a esta outra: O que constitui sucesso nesta vida?

Adquirir Atributos Cristãos

Talvez em lugar de concentrar-nos na questão de ser alguém na vida e, assim, obter sucesso aos olhos do mundo, seja melhor concentrar-nos na pergunta feita pelo próprio Salvador: “Portanto, que tipo de homens [ou mulheres] devereis ser?” Vocês se lembram que a resposta foi, nas palavras Dele: “Em verdade vos digo que devereis ser como eu sou” (3 Néfi 27:27). Além disso, o Salvador declarou: “Porque aquilo que me vistes fazer, isso fareis” (v. 21).

Que tipo de homens e mulheres devereis ser? Em minhas reflexões, continuo a perguntar: Quais são os atributos de uma vida cristã? Qual é o padrão certo a seguir quando enfrentamos as dificuldades da vida? O que quer dizer ser “como Eu sou”? Com certeza, não sei tudo o que se espera, mas atributos como o amor a Deus e ao próximo, a compaixão, o exemplo, a obediência, o serviço e guardar os convênios, são algumas das possibilidades.

Recentemente, um conhecido nosso e amigo íntimo de nossa filha e de nosso genro faleceu após uma batalha longa e corajosa contra um tumor no cérebro. Pouco antes do falecimento dele, um de seus amigos enviou algumas linhas à esposa de nosso amigo, expressando seus sentimentos. Com a permissão deles, vou ler para vocês esse texto, não por sua excelência literária, mas pelos sentimentos que transmite. Começa assim:

“[Prezada] Diane,
Por favor, diga ao Harold ‘muito obrigado’,
Por mudar minha vida,
E dar-me um exemplo
Do que é ser líder no sacerdócio,
Do que é importar-se com as pessoas individualmente,
E ser abnegado e incansável no serviço ao próximo,
Do que é o verdadeiro amor cristão.

Por favor, fale ao Harold das muitas lembranças
Que trago comigo todos os dias
Que me fortalecem,
E me orientam…
Lembranças que existem graças a ele —
Lembranças dos tempos em que servimos juntos (...)

Por favor, diga ao Harold que seu exemplo
De marido amoroso,
De pai bondoso
E servo fiel do Senhor,
Repleto de bom humor,
Cheio de visão,
Deu-me um padrão a ser atingido
E foi uma bênção para minha esposa e filhos.

Por favor, diga ao Harold que foi uma grande honra
Tê-lo conhecido nesta vida mortal
E ter trabalhado a seu lado.

Por favor, fale ao Harold das lágrimas que derramei,
E da tristeza que senti
Ao saber que ele em breve retornará
À presença do Senhor.

Por favor, diga ao Harold que eu o amo
Por sua bondade,
Seu exemplo,
E amizade.

Por favor, diga ao Harold que sentirei saudades dele
Mas que vou preparar-me ansiosamente
Para outra vez com ele me alegrar
Na mansão celestial do Deus Altíssimo.

Por favor, diga ao Harold que servirei ao Senhor
De todo coração, poder, mente e força
Em memória de seu exemplo,
Dedicação
E devoção ao Senhor.

Por favor, diga ao Harold...
Muito obrigado.”1

Quanto aos atributos citados em “Por Favor, Diga ao Harold”, talvez também valesse a pena incorporá-los a nossa vida. Quando for possível atribuirem-se a nós virtudes tais como o exemplo, o cuidado com as pessoas individualmente, o serviço, o amor, ser marido e pai carinhoso, a bondade, a amizade, a devoção e a dedicação, que foram, de maneira tão bela, atribuídas ao Harold, com certeza nossa vida poderá ser considerada cristã e, portanto, plena e bem-sucedida.

O Presidente Thomas S. Monson freqüentemente se refere a seu legado escocês e às experiências que teve na infância, quando vivia perto dos avós, tias, tios e primos escoceses. Fico pensando quantas vezes ele ouviu algo parecido com “Tommy, meu rapaz, será que algum dia você será alguém na vida?” Suspeito que, quando menino, com sua grande variedade de interesses, uma mente muito criativa e cheia de imaginação, e um bocado de energia, talvez essa pergunta tenha sido feita a ele várias vezes.

Na vida do Presidente Monson encontramos um padrão pelo qual pautar nossa própria vida. Isso é particularmente verdadeiro quanto ao que eu chamo de seu ministério particular. Seu ministério público, por outro lado, é um livro aberto, repleto de excelentes serviços em âmbito de ala, estaca, missão e da Igreja como um todo. Duvido que exista qualquer pessoa nesta dispensação mais devotada a cada uma de suas responsabilidades eclesiásticas que o Presidente Thomas S. Monson.

De tempos em tempos, é possível entrever seu ministério particular. Servir, preocupar-se, estender a mão para abençoar as pessoas individualmente e oferecer incentivo e consolo: tudo isso faz parte de seu ministério particular.

Recentemente, uma querida vizinha que mora do outro lado da rua precisou passar um tempo numa clínica de recuperação. Quando a visitamos, ela mal podia esperar para contar que o Presidente Monson havia passado por lá, na reunião sacramental do local.

“Ele estava tão perto”, ela exclamou, “que eu podia alcançá-lo e tocá-lo”.

Ela ficou muito emocionada em sentir que o Presidente da Igreja se importava com ela.

O Presidente Monson vive de acordo com o princípio que freqüentemente ensina: “As cinco palavras mais importantes que há são: ‘Estou muito orgulhoso de você’. As quatro mais importantes são: ‘Qual é sua opinião?’ As três mais importantes são: ‘Por favor, poderia’. As duas mais importantes são: ‘Muito obrigado’. A menos importante é: ‘Eu’ ”.2

O Salvador freqüentemente usava parábolas para ensinar importantes lições. Da mesma maneira, o Presidente Monson adora usar histórias para ilustrar seus ensinamentos. Ao refletir sobre o uso que o Presidente Monson faz das histórias, o Presidente Eyring disse que podemos achar que já ouvimos a história antes, mas se formos pacientes e ouvirmos com atenção, veremos que a história não é a mesma porque, por influência do Espírito, perceberemos a mensagem de uma maneira diferente.

Uma das histórias que ele usa remonta aos dias em que era diácono. Ao Presidente Monson e aos outros membros de seu quórum foi dado o papel de esquimós numa apresentação teatral da ala. A irmã do Presidente Monson faria o papel de Estátua da Liberdade. Quando a irmã dele adoeceu com um grave caso de laringite bem na época da apresentação, temia-se que ela não conseguisse falar sua parte e que o teatro fosse prejudicado. Os “esquimós” decidiram fazer algo a respeito da situação. Reuniram-se em uma sala no subsolo da capela e se ajoelharam em oração. Buscaram a intercessão do Espírito do Senhor em favor da irmã do Presidente Monson e na hora da apresentação, a Estátua da Liberdade conseguiu falar sua parte com uma voz límpida. Essa experiência ficou na memória da irmã do Presidente Monson como um milagre e era com gratidão que pensava naqueles esquimós.

Essa história simples nos lembra que o Presidente Monson sempre foi uma pessoa de grande fé, dada à oração. Ele usa esses grandes dons para abençoar a vida de muitas pessoas atualmente. É um exemplo de que tipo de homens e mulheres devemos ser: pessoas de fé, dadas à oração. A oração é fundamental para nosso fortalecimento e nossa convicção. Lembrem-se da pergunta de Néfi a seus irmãos descrentes: “Haveis perguntado ao Senhor?” (1 Néfi 15:8). A vida de serviço do Presidente Monson é um padrão que podemos usar para definir e estruturar nossa própria vida.

Orar por Ajuda ao Tomar Decisões

Muitos de vocês estão em uma fase em que tomarão decisões que vão moldar sua vida na Terra e também na eternidade. Alguns de vocês estão no processo de tomar decisões quanto aos estudos; outros talvez estejam pensando em servir em uma missão. Muitos talvez estejam tentando decidir o que querem fazer profissionalmente — que carreira seguir. Talvez alguns de vocês estejam tentando decidir se determinada pessoa é a pessoa certa para ser sua companheira eterna. Essas decisões serão muito mais fáceis se as apresentarem ao Senhor em oração.

Talvez alguns de vocês estejam enfrentando dificuldades com o pecado e estejam tentando decidir se desejam ser purificados pelo poder expiatório de Jesus Cristo. Talvez alguns estejam vacilantes no testemunho do evangelho e estejam tentando descobrir o que fazer para mudar de direção. As decisões sobre estes e outros assuntos importantes terão uma enorme influência sobre que tipo de homens e mulheres vocês serão e sobre o que realizarão na vida ou, usando as palavras do meu amigo Alex, o que serão na vida.

As decisões verdadeiramente importantes, cruciais, da vida geralmente são bastante difíceis de tomar. Sempre existem aqueles pequenos “senões”, “poréns” e as conjecturas que tendem a complicar e retardar a resposta. Muitas vezes, eu gostaria que existisse uma pílula mágica que pudéssemos ingerir e que nos fizesse sempre tomar a melhor decisão. Mas, na falta de tal pílula, permitam que eu ofereça apenas uma sugestão para ajudá-los no processo de decisão. Busquem a participação do Pai Celestial por meio de humilde oração e depois tenham a fé e a determinação para seguir Seus conselhos conforme transmitidos pelo Espírito Santo. Depois de examinarmos as coisas na mente e Lhe perguntarmos, o Senhor nos promete: “Farei arder dentro de ti o teu peito; portanto sentirás que está certo” (D&C 9:8). Vocês serão homens e mulheres melhores se derem ouvidos e obedecerem à voz mansa e delicada. Lembrem-se, “[sentir] que está certo” faz parte de ouvir.

Nos Estados Unidos, outra temporada de beisebol acaba de terminar. O Campeonato Mundial acabou, e um novo campeão foi coroado. Há bem mais de 50 anos, um ótimo atleta começou a jogar como jardineiro esquerdo [defensor do campo ou “jardim” esquerdo] do Boston Red Sox. A carreira dele no beisebol foi interrompida em pelo menos duas ocasiões diferentes por chamados para servir nas forças armadas como piloto de caça. A mídia se referia a ele como “Palito de Ouro”, porque era muito magro, mas conseguia rebater a bola muito bem. O que lhe deu mais fama no esporte é que foi o último jogador profissional a ter uma média de rendimento acima de 40% durante o ano todo. Isso quer dizer que ele conseguia chegar à base depois de bater na bola mais de quatro vezes a cada 10 vezes que tinha a oportunidade de bater. Ninguém conseguiu igualar esse feito nos últimos 50 anos! O nome desse jogador era Ted Williams.

Muitos anos depois de Ted ter encerrado sua carreira no beisebol, o público ficou sabendo de algo muito interessante a seu respeito — a visão dele era melhor que o normal. E com essa visão excelente e extraordinária, Ted tinha uma pequenina vantagem, pois conseguia ver a bola um pouquinho melhor que os outros jogadores e tinha uma fração de segundo a mais para determinar se deveria rebater a bola. Ele conseguia ver se a bola vinha girando ou se descreveria uma curva para dentro ou para fora da zona de rebatida.

Aqueles de nós que foram batizados e receberam o dom do Espírito Santo como companheiro constante também contam com uma vantagem quando se trata de tomar decisões difíceis. Do mesmo modo que a localização é tudo para se ter sucesso nos assuntos imobiliários, ouvir é tudo para se receber os benefícios do Espírito Santo!

Não Ficar Desanimado

Às vezes fico preocupado, e de certo modo envergonhado, que a minha geração tenha sobrecarregado a sua com questões e dificuldades que deveriam ter sido resolvidas. Apesar de ter havido muito progresso quanto a tornar a vida melhor, mais longa, segura e recompensadora, ainda há muitas coisas lamentáveis no que tange à ganância, às relações humanas e ao ambiente, para mencionar apenas alguns pontos. Estamos enfrentando as incertezas que nascem dos tempos turbulentos em que vivemos. Seria muito fácil ficarmos desanimados e talvez até um pouco deprimidos se pensássemos sobre a série de conseqüências que podem vir. As incertezas do mercado de trabalho, juntamente com um significativo deslocamento econômico apenas aumentam a inquietação de nossos dias. As nações continuam a contender umas contra as outras.

A despeito de tudo isso, meus jovens amigos, não precisamos temer nem agir com base no medo. As escrituras nos lembram que, se estivermos preparados, se formos obedientes, e formos membros da Igreja do Senhor, não precisamos temer o que o futuro nos reserva. “Os justos não devem temer” (1 Néfi 22:22; ver também Alma 1:4; D&C 10:55). O tipo de homens e mulheres que seremos dependerá em parte da habilidade com que lidamos com nossos temores e com os acontecimentos inesperados da vida. Ao perceberem que a vida real é feita de dificuldades, problemas, enganos, oportunidades e lições, lembrem-se do antigo provérbio chinês que diz: “Não se lapida a pedra preciosa sem atrito nem se aperfeiçoa o homem sem provações”. Ou, nas palavras do Senhor: “Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas” (2 Néfi 2:11).

A despeito de todas as incertezas e falhas do mundo, há muitas coisas pelas quais agradecer e muitas coisas capazes de nos entusiasmar. Sou uma pessoa otimista. Acredito que 2008 seja a época mais emocionante da história mundial para se viver e ter a bênção sublime de contar com a plenitude do evangelho de Jesus Cristo. Chego a estremecer de entusiasmo ao ver a maneira como o evangelho está sendo plantado no coração e na mente dos filhos do Pai em todo o globo.

Acho que poucos de vocês sabem (se é que alguém sabe) o que acontece na sede da Igreja todos os anos, na primeira sexta-feira de dezembro. Esse é o dia tradicionalmente reservado para que o Conselho para a Disposição dos Dízimos se reúna, conforme instruído pelo Senhor na seção 120 de Doutrina e Convênios. Sob a direção da Primeira Presidência, o Quórum dos Doze e o Bispado Presidente se reúnem para determinar como os recursos da Igreja serão usados no ano seguinte. É emocionante ver o que acontece nessa reunião. É emocionante ver a construção de muitos novos locais de adoração ser autorizada e executada. O número de novos templos continua a crescer. Os bispos em todo o mundo recebem os recursos para buscar e ajudar os pobres. Missionários de mais de 350 missões recebem ajuda. Projetos para acelerar o trabalho dos templos são aprovados. São reservados recursos para facilitar a educação superior e a educação religiosa. O trabalho do Senhor segue em frente para cumprir seu destino profético.

Fico encorajado quando penso na impressionante declaração de fé feita pelo Profeta Joseph Smith: “A mão do ímpio não conseguirá barrar o progresso desta obra”.3 Não é emocionante perceber que nós teremos a oportunidade de estar à frente deste milagre que está destinado a acontecer? O tipo de homens e mulheres que vocês serão, em parte será o resultado de sua devoção e do auxílio que prestarem em impelir o reino de Deus adiante. Juntamente com a devoção, é preciso muita autodisciplina. Jim Rohn, um famoso palestrante motivador, disse: “A disciplina é a ponte entre as metas e a sua realização”.4

Gosto muito de música sacra, principalmente de hinos de louvor ou motivação. Um desses hinos, que cantamos com freqüência, é “Come, Let Us Anew” [Vinde, Prossigamos]. A letra foi escrita no século XVII por Charles Wesley. A música é atribuída a James Lucas. O magnífico coro do Instituto da Universidade do Estado de Utah cantará esse belo hino para nós no encerramento desta reunião. Os santos dos últimos dias participam de reuniões sacramentais, devocionais e se reúnem em outras ocasiões para cantar, orar e renovar convênios e compromissos, bem como para oferecer incentivo mútuo. Desfrutamos de uma renovação sinérgica quando nos reunimos. A música desempenha um importante papel nesse processo. Ela consegue aliviar a alma e sensibilizar o espírito para coisas celestiais. O Senhor nos lembra: “o canto dos justos é uma prece a mim” (D&C 25:12). Observem a letra deste hino motivador:

Vinde, prossigamos em nossa jornada,
Prossigamos o ano todo,
E nunca nos detenhamos até que venha o Mestre.
Cumpramos alegremente a Sua vontade,
E desenvolvamos nossos talentos
Pacientes e cheios de esperança, trabalhando com amor (...)

A vida, como um sonho, o tempo, como um riacho,
Rápidos correm e passam,
E o momento fugaz ninguém consegue reter;
Pois o que passou, passou, e os momentos se vão.
O Milênio se anuncia
E a eternidade já chegou (...)

Oh, que cada um possa dizer no dia de Sua vinda,
“Lutei e perseverei até o fim;
Terminei o trabalho que me deste a fazer.”
Oh, que cada um ouça de seu Senhor as palavras ditosas:
“Servo fiel, agiste bem!
Entra em Meu gozo e senta-te em Meu trono”.5

A mensagem de incentivo transmitida por esse hino é clara. Ela indica que, em nossa jornada para nos tornarmos o que o Salvador sugeriu (“como Eu sou”), precisamos renovar nosso entusiasmo e nunca parar de praticar boas obras até que venha o Mestre. Se nos demorarmos, o tempo passará e o momento fugaz se perderá para sempre. Cada um de nós no dia de Sua vinda desejará dizer: “Lutei e perseverei até o fim; terminei o trabalho que me deste a fazer”. E haverá um sentimento maravilhoso quando, em resposta, ouvirmos: “Servo fiel, agiste bem! Entra em Meu gozo e senta-te em Meu trono”. Essa pode ser a nossa parte se o nosso objetivo for o de nos tornarmos o tipo de homens e mulheres que o grande “Eu Sou” quer que sejamos.

Muitas vezes os membros de nossa Igreja são observados por olhares críticos e medidos por um padrão mais severo que os nossos amigos de outras religiões. Já perceberam nas notícias manchetes como “Bispo mórmon comete (...); Ex-missionário SUD envolvido em (...); Mãe mórmon indiciada por (...)”? O que fazemos em particular é tão importante quanto o que fazemos quando somos observados em público. Muitas vezes existem olhos nos observando sem que os vejamos. De muitos modos, vivemos em uma vitrine.

Há alguns meses eu estava consertando o encanamento e durante o conserto, minhas roupas ficaram molhadas e sujas de barro, e meus braços ficaram cheios de graxa. Descobri que precisava de uma peça e, em vez de primeiro parar e ir-me arrumar, entrei correndo no carro e fui até uma grande loja de materiais de construção. Enquanto examinava cuidadosamente o mostruário de peças para ter certeza de que compraria a peça do tamanho certo com a rosca correta, um homem que eu não conhecia veio andando pelo corredor e passou por trás de mim. Depois de andar alguns metros após passar por mim, eu o ouvi dizer: “Para mim, aquele não parece ser o Bispo Presidente”. Fiquei envergonhadíssimo porque havia falhado em viver à altura do padrão que se espera de mim. Dessa vez, perguntei a mim mesmo, em tom de crítica: “David, meu rapaz, será que você nunca vai aprender?”

Concentrar-se no Que É Mais Importante

As aspirações e o trabalho árduo são ingredientes vitais para se alcançar objetivos louváveis. Vocês são uma geração muito promissora. Foram agraciados com muitos dons de Deus. São brilhantes e inteligentes. Aqueles dentre vocês que usam a inteligência para alcançar metas bem estabelecidas estão destinados ao sucesso. Aqueles, porém, que são inteligentes, trabalham com metas e têm grandes aspirações provavelmente serão o tipo de homens e mulheres em quem o nosso Pai Celestial confia para fazer avançar o Seu reino.

Perto do final de minha missão, a Copa Mundial de Golfe foi realizada no Real Campo de Golfe de Melbourne, na Austrália, e os jogadores de golfe amadores tiveram a oportunidade de jogar com um profissional nas rodadas de treino do pré-torneio. No último dia de minha missão, pude participar de uma rodada de treino, mas eu não vou importunar vocês com os detalhes de como isso aconteceu. Quando chegou minha vez de sortear o nome do profissional com quem eu jogaria naquele dia, tirei o nome de Arnold Palmer. O nervosismo de falar numa conferência geral não é nada comparado a isso! O nervosismo que experimentei na conferência geral foi apenas uma fração do que senti no instante em que vi “Arnold Palmer” escrito em minha papeleta. E eu, é claro, não pegava num taco de golfe havia mais de dois anos e fiquei completamente apavorado!

Não me lembro de muita coisa do que aconteceu na rodada de golfe, exceto que joguei muito mal. No 17º buraco, chegamos ao monte de terra. Andamos uns poucos metros e eu dei minha segunda tacada e logo em seguida a terceira, antes de finalmente chegarmos à bola do Sr. Palmer. O jovem australiano que carregava os tacos do Sr. Palmer estava tentando agradá-lo de todas as maneiras. Ouvi por acaso o carregador dizer ao Sr. Palmer que à esquerda a topografia se inclinava, com um riacho sinuoso que não era possível enxergar. Depois, disse que à direita a grama tinha crescido até ficar muito alta e que era muito difícil acertar uma tacada ali.

O Sr. Palmer colocou com deliberação o taco de volta na bolsa e serenamente, mas com firmeza, disse ao carregador: “Por favor, não me confunda a mente com o que está à direita, e eu também não estou lá muito interessado no que há à esquerda. A única informação que preciso de você é a distância exata desta bola até a bandeira que está no gramado”.

Puxa, aquela foi para mim uma experiência marcante de aprendizado! De repente, percebi como é imprescindível nos concentrarmos naquilo que é importante e não nos distrairmos com o que possa estar à esquerda ou à direita. A concentração é fundamental para atingirmos nossas metas. Muitos de nós estão preocupados com o que está à direita ou à esquerda e não dão a devida atenção ao objetivo principal que está bem no meio. Quando deixamos de nos concentrar nas coisas certas, fica difícil nos tornarmos o tipo de homens e mulheres que tanto queremos ser. Nesse empenho, lembrem-se de que o Senhor prometeu: “Irei adiante de vós. Estarei a vossa direita e a vossa esquerda e meu Espírito estará em vosso coração e meus anjos ao vosso redor para vos suster” (D&C 84:88).

Oro que, na vida, sempre nos esforcemos por concentrar-nos no que é mais importante. Testifico que estamos a serviço do Senhor. Temos a bênção de ser guiados por profetas vivos. Eu tive a bênção de servir sob a orientação de quatro profetas desta dispensação. Acho que entendo um pouquinho desse assunto e testifico que Thomas Spencer Monson é um profeta de Deus em toda a acepção da palavra.

Sei que temos um Pai Celestial amoroso e vivo. Somos Seus filhos e filhas. Sou grato por Seu Filho Unigênito, que é o nosso Salvador, que expiou nossos pecados. A todos vocês que talvez se sintam perdidos, que talvez sintam que não há mais esperança ou que o pecado prejudicou seu progresso, testifico que a Expiação de Cristo está a seu alcance e Sua misericórdia permanece para sempre. Sei que Joseph Smith foi o profeta da Restauração.

Aproveito esta oportunidade para invocar as bênçãos do céu sobre cada um de vocês. Essa bênção eu invoco e oro que vocês dêem ouvidos a essas coisas e se decidam a ser o tipo de homens e mulheres que o nosso Pai Celestial quer que sejam. Faço isso pela autoridade em mim investida e no sagrado nome de Jesus Cristo, nosso Salvador e nosso Redentor, amém.

NOTAS

1. Correspondência pessoal de Christian Weibell para Diane Lefrandt; usado com permissão.

2. Originalmente de Robert Woodruff; ver Thomas S. Monson, em Conference Report, outubro de 1987, p. 82; ou Ensign, novembro de 1987, pp. 68–69.

3. History of the Church, vol. 4, p. 540.

4. Jim Rohn, The Treasury of Quotes (2001), p. 40.

5. Hymns, nº 217.