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quarta-feira, 6 de março de 2013



Ver os Outros Como Eles Podem Vir a Ser
Presidente Thomas S. Monson


Devemos desenvolver a capacidade de ver os homens não como eles são, mas como podem vir a se tornar.
Meus queridos irmãos, duas vezes a cada ano, este magnífico Centro de Conferências fica lotado com o sacerdócio de Deus, ao nos reunirmos para ouvir mensagens de inspiração. Há um maravilhoso espírito que permeia a reunião geral do sacerdócio da Igreja. Esse espírito emana do Centro de Conferências e entra em todo edifício onde se reúnem os filhos de Deus. Sem dúvida sentimos esse espírito hoje à noite.

Há alguns anos, antes que este belo Centro de Conferências fosse construído, um visitante que estava na Praça do Templo, em Salt Lake City, assistiu a uma sessão de conferência geral no Tabernáculo. Ele ouviu as mensagens das Autoridades Gerais, prestou atenção nas orações, ouviu a bela música do Coro do Tabernáculo e maravilhou-se com a grandiosidade do magnífico órgão do Tabernáculo. Quando a reunião terminou, ouviram-no dizer: “Eu daria tudo o que tenho se soubesse que aquilo que os oradores disseram hoje é verdade”. Em essência, ele dizia: “Quem dera eu tivesse um testemunho do evangelho”.

Não há absolutamente nada neste mundo que dará mais consolo e felicidade do que um testemunho da verdade. Embora em níveis diferentes, creio que todo homem ou rapaz que está aqui hoje tem um testemunho. Se você sente que ainda não tem a profundidade de testemunho que gostaria, admoesto-o a trabalhar para alcançar esse testemunho. Se ele for forte e profundo, esforce-se para mantê-lo assim. Quão abençoados somos por ter um conhecimento da verdade!

Minha mensagem nesta noite, irmãos, é a de que há inúmeras pessoas que têm pouco ou nenhum testemunho neste instante, pessoas que poderiam e receberiam esse testemunho se estivéssemos dispostos a fazer o esforço de compartilhar o nosso e a ajudá-las a mudar. Em alguns casos, nós podemos prover o incentivo para a mudança. Refiro-me em primeiro lugar àqueles membros que no momento não estão plenamente comprometidos com o evangelho.

Há muitos anos, numa conferência de área realizada em Helsinque, Finlândia, ouvi uma mensagem vigorosa, memorável e motivadora proferida numa sessão para mães e filhas. Nunca esqueci aquela mensagem, embora quase 40 anos se tenham passado desde que a ouvi. Entre as muitas verdades abordadas pela oradora, ela disse que uma mulher precisa que lhe digam que ela é bonita. Precisa que lhe digam que é valorizada. Precisa que lhe digam que tem valor.

Irmãos, sei que os homens são muito semelhantes às mulheres nesse sentido. Precisamos ouvir que valemos algo, que somos capazes e que temos valor. Precisamos ter uma chance de servir. Para os membros que se afastaram da atividade ou que se mantêm distantes e não se comprometem, podemos procurar, em espírito de oração, algum meio de tocá-los. A iniciativa de pedir que sirvam em algum chamado pode ser exatamente o incentivo de que precisam para voltar à plena atividade. Mas os líderes que poderiam ajudá-los nesse sentido às vezes relutam em fazê-lo. Precisamos ter em mente que as pessoas podem mudar. Elas podem abandonar maus hábitos. Podem arrepender-se de transgressões. Podem portar dignamente o sacerdócio. E podem servir ao Senhor diligentemente. Gostaria de oferecer algumas ilustrações.

Quando me tornei membro do Quórum dos Doze Apóstolos, tive a oportunidade de acompanhar o Presidente N. Eldon Tanner, conselheiro do Presidente David O. McKay, a uma conferência de estaca em Alberta, Canadá. Durante a reunião, o presidente de estaca leu o nome de quatro irmãos que se qualificavam para ser ordenados élderes. Eram homens que o Presidente Tanner conhecia, porque tinha morado naquela área. Mas o Presidente Tanner os conhecia e lembrava-se deles como eram antes, e não sabia que eles tinham mudado a vida e se qualificado plenamente para tornarem-se élderes.

O presidente da estaca leu o nome do primeiro homem e pediu que ele ficasse de pé. O Presidente Tanner sussurrou para mim: “Olhe para ele. Não achei que ele conseguiria”. O presidente da estaca leu o nome do segundo homem, e ele ficou de pé. O Presidente Tanner me cutucou de novo e expressou seu assombro. E o mesmo aconteceu com todos os quatro irmãos.

Depois da reunião, o Presidente Tanner e eu tivemos a oportunidade de cumprimentar aqueles quatro irmãos. Eles demonstraram que os homens podem mudar.

Nas décadas de 1940 e 1950, um carcereiro americano, Clinton Duffy, ficou muito conhecido por seu trabalho de reabilitação de homens em sua prisão. Um crítico disse: “Você devia saber que cães velhos não aprendem truques novos!”

Clinton Duffy respondeu: “Você devia saber que não trabalho com cães, trabalho com homens, e os homens mudam todo dia”.1

Há muitos anos, tive minha oportunidade de servir como presidente da Missão Canadense. Tínhamos ali um ramo com muitas limitações em relação ao sacerdócio. Sempre tivemos um missionário que presidia o ramo. Tive a forte impressão de que precisávamos que um membro do ramo presidisse ali.

Tínhamos um membro adulto do ramo que era diácono no Sacerdócio Aarônico, mas não frequentava nem participava o suficiente para ser avançado no sacerdócio. Senti-me inspirado a chamá-lo como presidente do ramo. Sempre me lembrarei do dia em que o entrevistei. Eu lhe disse que o Senhor me havia inspirado a chamá-lo para ser o presidente do ramo. Após muitos protestos da parte dele, e muito incentivo da parte da esposa, ele disse que serviria. Eu o ordenei sacerdote.

Aquele foi o princípio de um novo dia para aquele homem. Sua vida foi rapidamente colocada em ordem, e ele me assegurou que viveria os mandamentos conforme era esperado dele. Em poucos meses, foi ordenado élder. Ele, a esposa e a família, por fim, foram ao templo, e foram selados. Seus filhos serviram missão e se casaram na casa do Senhor.

Às vezes, fazer com que nossos irmãos saibam que são necessários e valorizados pode ajudá-los a dar o passo para o comprometimento e para a plena atividade. Isso pode se aplicar a portadores do sacerdócio de todas as idades. É nossa responsabilidade dar-lhes oportunidades para viver como devem. Podemos ajudá-los a vencer suas fraquezas. Precisamos desenvolver a capacidade de ver os homens não como eles são no momento, mas como podem vir a ser quando receberem um testemunho do evangelho de Cristo.

Assisti certa vez a uma reunião em Leadville, Colorado. Leadville situa-se a uma altitude de mais de 3.000 metros. Lembro-me particularmente daquela reunião por causa da altitude elevada, mas também por causa do que aconteceu ali naquela noite. Havia apenas um pequeno número de portadores do sacerdócio presentes. Como no ramo da Missão Canadense, aquele ramo era presidido por um missionário, e sempre tinha sido.

Naquela noite, tivemos uma reunião muito agradável, mas quando cantávamos o último hino, tive a inspiração de que deveríamos ter um presidente de ramo local presidindo. Virei-me para o presidente da missão e perguntei: “Não há algum homem aqui que poderia presidir — um membro local?”

Ele respondeu: “Não conheço ninguém”.

Enquanto cantávamos aquele hino, olhei cuidadosamente para os irmãos que estavam sentados nas três primeiras fileiras. Minha atenção pareceu concentrar-se em um dos irmãos. Perguntei ao presidente da missão: “Será que ele poderia servir como presidente do ramo?”

Ele respondeu: “Não sei. Pode ser que sim”.

Eu disse: “Presidente, vou levá-lo para a outra sala e entrevistá-lo. Fale depois do último hino, até que voltemos”.

Quando nós dois voltamos para o salão, o presidente da missão concluiu seu testemunho. Apresentei o nome daquele irmão para ser o novo presidente do ramo. Desde aquele dia, Leadville, Colorado, tem tido um membro local a liderar a unidade ali.

O mesmo princípio, irmãos, aplica-se aos que ainda não são membros. Devemos desenvolver a capacidade de ver os homens não como eles são, mas como podem vir a se tornar quando forem membros da Igreja, quando tiverem um testemunho do evangelho e quando sua vida estiver em harmonia com seus ensinamentos.

No ano de 1961, uma conferência mundial foi realizada para presidentes de missão, e todo presidente de missão da Igreja foi trazido para Salt Lake City para participar dessas reuniões. Vim de minha missão, em Toronto, Canadá, a Salt Lake City.

Em uma determinada reunião, N. Eldon Tanner, que era o Assistente do Quórum dos Doze, acabara de retornar de sua primeira vez em que presidiu as missões da Inglaterra e da Europa Ocidental. Ele contou a respeito de um missionário que tinha sido o mais bem-sucedido que ele conhecera em todas as entrevistas que fizera. Contou que ao entrevistar aquele missionário, disse a ele: “Suponho que todas as pessoas que você batizou vieram para a Igreja por meio de referências”.

O rapaz respondeu: “Não, encontramos todos elas enquanto batíamos em portas”.

O irmão Tanner perguntou o que havia de diferente em sua abordagem — por que ele tivera tamanho sucesso, quando outros não. O rapaz disse que ele tentava batizar toda pessoa que conhecia. Disse que se ele batesse em uma porta e visse um homem fumando e usando roupas velhas, aparentemente desinteressado de tudo — principalmente de religião — o missionário visualizava na mente como se pareceria aquele homem em uma situação diferente. Em sua mente, olhava para ele como se estivesse bem barbeado, vestindo camisa e calças brancas. E o missionário se via conduzindo aquele homem para as águas do batismo. Ele disse: “Quando olho para alguém dessa forma, tenho a capacidade de prestar meu testemunho a ele de modo a poder tocar-lhe o coração”.

Temos a responsabilidade de olhar para nossos amigos, nossos colegas, nossos vizinhos desse modo. Repito: temos a responsabilidade de ver as pessoas não como elas são, mas, sim, como podem vir a ser. Peço-lhes que pensem nelas dessa maneira.

Irmãos, o Senhor nos disse algo importante sobre este sacerdócio que possuímos. Ele disse que o recebemos com um juramento e convênio. Ele nos deu a instrução de que precisamos ser fiéis e leais em tudo o que recebermos, e de que temos a responsabilidade de guardar esse convênio até o fim. E então, tudo o que o Pai tem nos será dado.2

Coragem é a palavra que temos de ouvir e manter próxima do coração — coragem de dar as costas à tentação, coragem de erguer a voz em testemunho para todos com quem nos encontrarmos, lembrando que todos precisam ter a oportunidade de ouvir a mensagem. Isso não é uma coisa fácil para a maioria. Mas podemos vir a acreditar nas palavras de Paulo a Timóteo:

“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.

Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor”.3

Em maio de 1974, estive com o irmão John H. Groberg, nas ilhas tonganesas. Tínhamos uma audiência com o rei de Tonga e fomos recebidos em uma sessão formal. Trocamos os cumprimentos de praxe. Contudo, antes de sair, John Groberg disse algo que era fora do comum. Ele disse: “Vossa Majestade, deveis realmente tornar-vos mórmon, e vossos súditos também, porque assim os vossos problemas e os deles, em grande parte, serão solucionados”.

O rei deu um grande sorriso e respondeu: “John Groberg, talvez você esteja certo”.

Pensei no Apóstolo Paulo perante Agripa. Pensei na resposta que Agripa deu ao testemunho de Paulo: “Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!”4 O irmão Groberg teve a coragem de prestar seu testemunho a um rei.

Nesta noite, há muitos milhares de nós que servem ao Senhor em tempo integral como Seus missionários. Em resposta a um chamado, eles deixaram para trás o lar, a família, os amigos e os estudos e foram servir. Aqueles que não compreendem se perguntam: “Por que eles respondem tão prontamente e com tanta disposição, doando tanto de si?”

Nossos missionários poderiam muito bem responder com as palavras de Paulo, aquele inigualável missionário do passado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!”5

As santas escrituras não contém uma proclamação mais relevante, uma responsabilidade mais forte, uma instrução mais direta do que o encargo dado pelo Senhor ressuscitado ao aparecer na Galileia aos 11 discípulos, dizendo:

“É-me dado todo o poder no céu e na terra.

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.6

Esse mandamento divino, juntamente com sua gloriosa promessa, é nosso lema hoje, como foi no meridiano dos tempos: O trabalho missionário é uma característica identificadora da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Sempre foi e sempre será. Como declarou o Profeta Joseph Smith: “Depois de tudo o que foi dito, o maior e mais importante dever é pregar o Evangelho”.7

Dentro de breves dois anos, todos os missionários que servem atualmente nesse nobre exército de Deus terão concluído seu trabalho de tempo integral e retornado para o lar e para seus entes queridos. Seus substitutos encontram-se nesta noite nas fileiras dos portadores do Sacerdócio Aarônico da Igreja. Rapazes, estão prontos para atender ao chamado? Estão dispostos a trabalhar? Estão preparados para servir?

O Presidente John Taylor resumiu os requisitos: “O tipo de homem que desejamos como portadores da mensagem deste evangelho são aqueles que têm fé em Deus, que têm fé em sua religião; homens que honram o sacerdócio; (…) homens cheios do Espírito Santo e do poder de Deus, (…) homens (…) honrados, íntegros, virtuosos e puros”.8

Irmãos, todos recebemos o mandamento de compartilhar o evangelho de Cristo. Se nossa vida for condizente com o próprio padrão de Deus, aqueles que estão em nossa esfera de influência jamais lamentarão, dizendo: “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos”.9

O perfeito Pastor de nossa alma, o missionário que redimiu a humanidade, deu-nos Sua garantia divina:

“E, se trabalhardes todos os vossos dias clamando arrependimento a este povo e trouxerdes a mim mesmo que seja uma só alma, quão grande será vossa alegria com ela no reino de meu Pai!

E agora, se vossa alegria é grande com uma só alma que tiverdes trazido a mim no reino de meu Pai, quão grande será vossa alegria se me trouxerdes muitas almas!”10

Daquele que proferiu essas palavras presto meu testemunho pessoal. Ele é o Filho de Deus, nosso Redentor, e nosso Salvador.

Oro para que tenhamos a coragem de estender a mão da amizade, a tenacidade de tentar e tentar novamente, e a humildade necessária para buscar orientação de nosso Pai, ao cumprirmos o mandamento que recebemos de compartilhar o evangelho. A responsabilidade está sobre nossos ombros, irmãos. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

Notas
1. Bill Sands, The Seventh Step, 1967, p. 9

2. Ver Doutrina e Convênios 84:33–39.

3. II Timóteo 1:7–8.

4. Atos 26:28.

5. I Coríntios 9:16.

6. Mateus 28:18–20.

7. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 343.

8. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: John Taylor, 2001, p. 73.

9. Jeremias 8:20.

10. Doutrina e Convênios 18:15–16.

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